ALAGOAS, UM OLHAR NA HISTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas

ALAGOAS, UM OLHAR NA HISTÓRIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2010)

Quando o visionário padre Francisco José Correia de Albuquerque fazia um sermão na, hoje cidade de Poço das Trincheiras, emudeceu de repente e se concentrou. Diante da multidão apreensiva, o padre voltou a falar dizendo logo que naquele momento estourava uma revolução no Recife. Foi essa revolta que ficou conhecida na história como A Revolução de 1817. Muitos foram os episódios ocorridos em Alagoas a favor do levante e depois, contra os revoltosos. Ao terminar o conflito, D. João VI, resolveu premiar Alagoas e castigar Pernambuco, tornando Alagoas independente do vizinho do norte, através do decreto de 16 de setembro de 1817. Pelo decreto Alagoas ganhava a posição de capitania independente com um governador nomeado, Sebastião de Mello. Já em 12 de janeiro de 1818, foi publicado outro decreto ratificando o primeiro.
Diz o historiador Moreno Brandão que nessa época, Alagoas não era muito adiantado, mas também atrasado não era. Sua avaliação progressista era feita pelo número de igrejas e freguesias. Alagoas contava com as vilas: Penedo, Alagoas, Porto Calvo, Atalaia, Poxim, Anadia, Porto de Pedras e Maceió. Como freguesias funcionavam Alagoas, Porto Calvo, Penedo, Sana Luzia, Poxim, São Miguel, Colégio, Atalaia, Pioca, São Bento, Camaragibe, Palmeira e Anadia. Mesmo quinze anos antes de se tornar capitania independente, havia carta falando da situação de Alagoas. Penedo tinha como seu território Porto da Folha (Traipu) e Águas Belas (Pernambuco). Contava com seis mil fogos e quase trezentas fazendas de criar, muitos engenhos e vastas lavouras de algodão. A vila de Poxim tinha seis mil e quinhentos habitantes que viviam do corte de madeira, lavoura de algodão e do criatório de bovinos. Atalaia tinha cerca de mil e quatrocentos fogos, algodão, madeira e comércio de ipecacuanha-preta. Alagoas, Santa Luzia do Norte e Pioca, teria de cinco a seis mil fogos e mais de sessenta engenhos de açúcar, lavoura do algodão e indústrias domésticas de azeite de rícino. Porto Calvo, São Bento e Jacuípe, tinham cerca de seis ou sete mil fogos. Ali se contava cento e vinte engenhos. Supõe-se que a mais importante atividade econômica fosse à extração da madeira. Ainda havia na capitania nova, muitas outras lavouras, inclusive a de fumo, bastante lucrativa. Pequenos estaleiros espalhavam-se pelo litoral e rios de todas as terras.
Foi diante desse quadro que foi empossado o seu primeiro governador a 22 de janeiro de 1819, Sebastião Francisco de Melo Póvoas que desembarcou em Jaraguá em 27 de dezembro de 1818. Nomeado por três anos, o governador ficaria depois até que fosse indicado o seu substituto. Na época de posse do primeiro governador de Alagoas, Santana, no Sertão alagoano, era um simples povoado com o nome de Sant’Anna da Ribeira do Panema, pertencente a Porto da Folha (Traipu). São 193 anos de Emancipação Política. ALAGOAS, UM OLHAR NA HISTÓRIA.
Adaptado de: Brandão, Moreno. História de Alagoas. Penedo, Artes Graphicas, 1909.
Obs. Cortesia para o (a) amigo (a): Fogos = lares, casas de família, residências.

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