Solidariedade começa com pequenos gestos

Augusto Ferreira

O Brasil passa por momento de alegria, crise e caos. A televisão, em busca de audiência tem espaço de manhã, tarde e noite sobre o evento da África do Sul. Os brasileiros são estampados na mídia com sorrisos largos e confiantes de que seremos hexa e isso significa reconfirmar que a seleção brasileira é a melhor do mundo. Dunga se zangou no início do campeonato com a mídia, mas assessorado pelos seus braços direito mudou de postura. Não tenho dúvidas de que em breve estará dando entrevistas exclusivas a televisão mais poderosa e intocável do país.

Pelos últimos dados já são mais de 80 mil desabrigados com as enchentes de Alagoas e Pernambuco. A televisão mostra as desgraças quase que por obrigação. Acompanhei hoje pela manhã o noticiário e constatei. Duas partes inteiras para as notícias da Copa e 45 segundos para as desgraças do nordeste. Os telejornais, que deveriam ter um papel social, informar, mas também ajudar às mudanças não está preocupado com isso. Pão e circo são mais cômodos e lucrativos.

Enquanto a seleção brasileira tira lágrimas de emoção da torcida, a televisão apresenta o espetáculo nas principais cidades do país, todos comemorando e chorando, a população atingida pelas chuvas no nordeste do país chora por perder tudo que conseguiu com muito sacrifício. Há famílias completamente sem rumo, sem perspectivas, sem sonhos... e o que resta é chorar, não de emoção, mas de desespero.

A mídia não merece elogios na cobertura dos desastres. Seu papel tem sido insignificante enquanto compromisso social, porém merece elogios a população brasileira que tem se mostrado solidária. São centenas de voluntários que trabalham para minimizar os problemas nesses Estados. As doações para as primeiras necessidades chegam de todo país. É a união fazendo a força. Vamos juntos ajudar a reconstruir as cidades atingidas pelas chuvas em Alagoas e Pernambuco. Esse povo precisa voltar a sorrir. Mídia e Dunga a parte, nosso compromisso como cidadão é ajudar os nossos irmãos que estão em situação difícil.

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