Era um prédio amarelo, com um muro alto. Os olhos curiosos olhavam pelo portão para ver alguma coisa. Aquela construção era misteriosa. As crianças, adolescentes e jovens na praça eram sinal de que por trás daquele prédio existia vida. Era muita gente entrando e saindo com camisetas iguais.
Seria o lugar do saber? O lugar dos sonhos ou o lugar de despertar para a realidade? Não tenho dúvidas de que era este o pensamento do padre José de Souza Leite quando, diante de dificuldades, incertezas e desânimos lançou a pedra fundamental para a construção do Educandário Santo Antônio, em 1º de Abril de 1961, a data marcante para Olho D`água das Flores e região. É início de novas oportunidades para a juventude sertaneja.
A década de 60 foi de transformação. O liberalismo desenfreado tomava conta do mundo. A revolução da juventude trazia esperança e a certeza de que era possível sonhar e lutar pela construção de um mundo mais justo e solidário. A Igreja Católica também apontava novidades. O papa João XXIII, em seu pontificado demonstrou que estava aberto às mudanças e que queria renovar a Igreja. Convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II, mas não participou do evento por completo, pois veio a falecer.
Paulo VI, seu sucessor, mostrou que comungava dos ideais de João XXIII e continuou com o espírito de renovação. Essa linha aberta da Igreja reflete no mundo inteiro, inclusive em Olho D`água das Flores, com o padre José de Souza Leite.
Preocupado em contribuir com a cultura e o desenvolvimento da cidade acredita que uma escola seria o meio para esse fim. Não exita! Concentra forças, pede apoios e a escola nasce, cresce e forma profissionais da e para a região. De Educandário passou a Colégio. Já são dezenas de milhares de jovens que se formaram no Cenecista, como é carinhosamente chamado pelos seus alunos.
Aquela construção misteriosa e que despertava a curiosidade entre muito jovens deixa saudades em quem já passou por lá. O Cenecista não é só o lugar do saber e da cultura, mas é também um ambiente onde se pode descobrir o valor da vida, da amizade, do respeito. Isso graças ao quadro de professores, que sempre foi dos melhores da região.
Dentre esses profissionais não se pode esquecer o professor mais lembrado em todos os tempos: professor Valdemar Farias. Suas aulas soavam como música, isso pela sua sabedoria. Não eram aulas para “decorar” a matérias, mas aulas para a vida. Seu Valdemar dedicou sua vida pelo Colégio Cenecista Santo Antonio de Pádua, foi diretor por muitos anos. Ele tinha o mesmo espírito visionário do padre José de Souza Leite.
Atualmente dirige a escola Sílvio Farias, filho de seu Valdemar, fui seu aluno e lembro-me com saudades das aulas de Estatística e de Economia e Mercado. Sílvio tinha a preocupação, como professor, de mostrar-nos que os estudos devem ir além do Cenecista, precisávamos nos desafiar e entrar para a Universidade. Seus conselhos amigos impulsionaram muitos alunos a prosseguirem os estudos e concorrerem a cargos profissionais tal e qual jovens da capital. O Cenecista capacitou muitos jovens e eu como filho desta escola, quero dizer: Parabéns Cenecista pelos seus 50 anos de compromisso e educação na região sertaneja.
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