SOB A COPA DA ACÁCIA AMARELA

Antonio Machado

Antonio Machado

Às vezes, a vocação literária só se revela no ser humano, no outono da existência, como foi o caso do Dr. Judá Fernandes, médico de Arapiraca, que fez somente aos 70 anos de idade, escreveu e publicou o seu primeiro livro, e daí em diante, constituiu-se um primoroso escritor, vem lançando com certa frequência na ACALA; suas obras. Assim vejo o inolvidável Bartolomeu Barros da cidade sertaneja de Santana do Ipanema que já ultrapassou o octogenário da vida, e agora nos premia com seu segundo livro, intitulado Sob a copa da Acácia amarela, com cento e sessenta e quatro casos vividos e ouvidos por aquele mestre das letras.
Recebi com uma bela e graciosa dedicatória, um exemplar dessa obra singular, deitei-me a ler, como dizia o imortal José Américo de Almeida, pois sabia que naquelas entrelinhas estavam os mais belos contos por se tratar de um livro escrito pelas mãos já trêmulas pelo trabalho honesto e constante de seu autor, o insigne escritor sertanejo Bartolomeu Barros continua com a inteligência mais viva e aguçada escrevendo suas histórias hilárias tão bonitas quanto belas.
Caro empresário escritor, Bartolomeu Barros, ler seu livro é beber outra vez a água salobra do rio Ipanema, que nas secas bravias, tornava-se boa e cristalina, matando a sede do sertanejo, é ouvir o sino da matriz tocando pelas mãos desajeitadas de Major, é assistir o Cônego Bulhões (1886-1952), com sua irreverencias práticas aconselhar o noivo, e depois dizer: compreendeste cabra safado? Mas é também assistir uma missa do inesquecível Cônego Luiz Cirilo (1915-1982), e ouvir na doçura de seus sermões e não esquecer a figura querida e austera do sábio e santo Pe. Adalto. O escritor Bartolomeu Barros, decano da Academia Santanense de Letras, armazenou em sua fecunda inteligência os fatos e feitos que marcaram deveras sua vida, valendo aqui o sábio aforismo de Henri Lacordaire, que assim escreveu: “Entre o passado onde estão nossas lembranças, e o futuro, onde estão nossas esperanças, há o presente onde estão nossos deveres”.
Descobriu, pois, esse venerando senhor Bartolomeu Barros, que nas horas vagas dos afazeres de sua empresa, estão nos interstícios da vida, a história de cada um carece ser contada, mormente por alguém que conhece esses casos, adormecidos na câmara do tempo, e agora vindos á lume pela inteligência de um escritor autodidata, porém cheio de conhecimentos, como tão bem demonstra a professora, e escritora Lucia Nobre, orgulho das letras santanensse, que sabiamente escreveu o prefácio da festejada obra, Dijalma Carvalho, o cronista telúrico, o jovem Malta Neto que vem se destacando com afinco nas apresentações de livros, e Capiá? Alegria em pessoa e tantos outros que o escritor Bartolomeu Barros não escreveu, até este modesto escriba figura imerecidamente na majestosa obra pela gentileza do autor. A sua inteligência, caro escritor Bartolomeu Barros, é fecunda e está eivada de tantos casos e histórias que assinalaram sua preciosa e longeva existência, pois sua vida tem sido pautada em servir a todos com alegria para a felicidade de sua esposa e a pencha de filhos que a natureza lhes concedeu, fazendo jus o aforismo de Sócrates que escreveu: “O bom cidadão seguirá até as más leis, para não estimular o mau cidadão a violar as boas”.

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