PASSARINHO PINDURÃO

Antonio Machado

Muitas coisas se escondem aos olhos apressados das pessoas, que não se detém para ver com meticulosidade, a paisagem instigante que está por trás, às vezes, de um morro ocultando tanta beleza, que quando vista com cuidado, enche os olhos de um curioso, ou expert no assunto. As flores que mudam de cores dominam a paisagem física, enquanto as aves êmulo da fauna, possuem uma beleza a parte com suas ações, cantos e cores, mesmo já muito vilipendiado pelo homem, constituem-se indizíveis em suas formas, notadamente na reprodução. O pindurão é uma ave rara certamente da família do Bem-te-vi haja vista sua semelhança, seu nome no sertão deriva de seus ninhos tão grandes e pendurados nos galhos das árvores. Contou ao cronista, o fazendeiro José Cajueiro, que em seu terreno, o pindurão não havia, porém consequência dos anos secos periódicos, a exemplo de 2012, 2013 e 2014, eles começaram a chegar nessa área do sertão, visto ser uma ave aclimatada as secas, adaptou-se bem no sertão sem ser preservada pelo povo, o que chama atenção no pindurão são seus ninhos exagerados, construídos de gravetos de pau existentes na região, em sendo de tamanho pequeno carregava paus bem superiores ao seu tamanho causando admiração. A vida do pindurão ainda está meio desconhecida, pelos ornitólogos, estudiosos e pesquisadores enquadrando-se no hall das aves do fadário sertanejo enriquecendo a fauna. Ele possui um canto baixo e é muito cismado, carecendo de muito cuidado do pesquisador para dele se aproximar, sendo atualmente a ave que faz o maior ninho da região perdendo para a Casaca-de-couro, agora é o pindurão rei do ninho, construído nos galhos das árvores, que, as vezes, de tão grandes, o vento derruba Colly Flores, o poeta sem métrica, mas observador do sertão, admirado com o ninho do pindurão, escreveu esta décima: “a ave fez seu ninho/no caminho do Pedrão,/pendurado na Craibeira/ na beira do estradão,/balançando com o vento/ causando admiração,/todos riam do tamanho/ do ninho do pindurão”. A fauna e a flora sertaneja, mesmo tão saturada pela ação depredadora do próprio homem, ainda se constitui com seu bioma pobre, uma das riquezas do estado. A situação de penúria leva o homem muitas vezes a se valer dos valores dessa área devastando a flora e consequentemente a fauna. As secas constantes tem causado grandes perdas para a região sertaneja entende-se, contudo, da falta de uma política direcionada e eficiente para o sertão, visto ser uma área grande e habitada, porque a ausência dessas ações, empurram o sertanejo de sua terra para os grandes centros, engrossando a fila dos desempregados. Não adianta se criar comitês, ações vazias, encontros, sem se colocar na prática o fazer, notadamente com pessoas que vive e convivem na área, planejamentos nos birôs nada resolve, o que carece é de fazer acontecer dentro de um aspecto que se torne realidade na perspectiva de gerar renda em prol das pessoas que vivem na região sertaneja, carecendo de tudo e todos, pois o homem da região está ligando hipostaticamente ao bioma da região.

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