MENINOS DANADOS, LEVADOS

Antonio Machado

Antonio machado
Dizem que os livros revelam seus autores, mormente àqueles que enveredam pelos caminhos sinuosos das crônicas, acabam os envolvendo com conteúdo de suas histórias lúdicas, face escreverem os fatos da adolescência, da juventude. O titulo deste comentário até parece meio paradoxal, porém é o título de um livro escrito por José de Melo carvalho, que vem a ser irmão do maior cronista de Santana do Ipanema, Djalma de Melo Carvalho, que já está no 8º livro de crônicas, eis que seu irmão lançou semana passada seu primeiro rebento literário, um punhado de pouco mais de trinta crônicas, como a seguir o exemplo do irmão cronista.
O livro Meninos, danados, levados arrastou um número grande de santanenses e dos arrabaldes para uma noite de autógrafos memorável, que certamente, ficará na memória do escritor estreante na literatura, os discursos não faltaram enaltecendo a figura do escritor santanense. Li toda obra, são relatos vivenciados pelo autor na sua juventude ao, lado de seus amigos de infância, na cidade a energia elétrica ainda era precária, sendo desligadas à meia noite, e as festas que teimavam em continuar, teriam que ser às escuras, o rio Ipanema é sempre figura de destaque em todo santanense que escreve sobre sua terra, como também os sermões do Cônego Luiz Cirilo, que já até se imortalizaram na música do cantor santanense Waldo Santana, o autor enfoca também com muita propriedade sua atuação no Banco do Brasil até sua aposentadoria, são passos percorridos em forma de belas crônicas mais longas que as de seu irmão Djalma Carvalho.
Caro escritor José de Melo Carvalho, você demorou muito para escrever seu primeiro livro, porque o talento que você demonstra em suas crônicas lhe firmam como bom principiante no ramo de crônica, você sabe encaixar com esmero a palavra no lugar exato, possuindo um bom domínio de nosso vernáculo, seus escritos prendem o leitor do começo ao fim da obra, acredito que muitos de seus comunicipes distantes da gleba natal, ao lerem seu florilégio de crônicas, são levandos a percorrer caminhos áureos do passado que o tempo levou, mas deixou cicatrizes nos sulcos da saudade... As crônicas muitas vezes, são as memórias que os escritores não quiseram escrever, por se constituírem retalhos vivos de um passado distante, crônica é saudade também, como tão bem escreveu o poeta Anis Murad: “saudade, rede vazia/ a balançar tristemente/ mimando a melancolia/ que dorme dentro gente”.

Comentários