LAMPIÃO EM ALAGOAS
ANTONIO MACHADO MTBAL-5315
Pax est pax(paz e paz), situa o termo latino a paz é uma auréola trazida do céu, quando do nascimento do Salvador, pelos arcanjos, mais tarde a Bíblia escreveu, “se queres a paz, preparas a guerra”, porém nem sempre a paz tão sonhada pelo homem de todos os tempos, é fruto da guerra, São Francisco dizia: “venha de onde vier, mas venha em nome da paz”. E essa paz tem sido ao longo de todos os tempos uma constante procura dos homens, mas esses mesmos homens espalham o terror, o medo, o crime que a cada dia se perpetra na face da terra. O ciclo do cangaço no Nordeste, mormente nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e parte da Bahia, perdurou por cerca de duas e dolorosa décadas, estendendo-se de 1920 a 1940, com o extermínio do bandoleiro Corisco. Os escritores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto, pesquisaram e copiaram as andanças, pegadas e vivencias de Lampião e seus asseclas, no Estado de Alagoas, e enfeixaram num livro com mais de 450 páginas. Clerisvaldo já é calejado na literatura alagoana, enquanto que Marcello está dando os primeiros passos nessa estrada tão sinuosa quanto bela. Assisti o lançamento do livro Lampião em Alagoas, numa concorrida noite de autógrafos em Santana do Ipanema, escrito a quatro mãos, com a presença do Professor Silvio Bulhões, filho de Corisco, que mesmo já em idade avançada, fez um breve pronunciamento, porém seguro, falando sobre o ciclo do cangaço. Li toda obra, revendo cada parágrafo, tive o cuidado de ser meticuloso na leitura (verbum ad verbum) palavra por palavra. O famigerado facínora, Lampião não podia se fixar muito num só lugar, face sua vida irregular daí a dificuldade de se definir sua permanência como Lampião em Alagoas, como insinua o livro dos autores Clerisvaldo e Marcello.
Longe estou de ser biógrafo ou pesquisador de Lampião, apenas um modesto estudioso do cangaço, já tendo lido mais de vinte obras nessa área, cito alguns autores como Bezerra e Silva, de quem fui amigo pessoal, pois em algumas de suas obras, existem artigos meus, mantivemos uma acalentada correspondência, inclusive a convite desse escritor, assisti sua posse no Instituto Histórico e Geografico de Alagoas, em Maceió, a quem reputo um dos mais sérios biógrafos de Lampião, notadamente em seu livro Lampião e suas façanhas, fui amigo de outro biógrafo desse bandoleiro, Valdemar de Souza Lima, que tinha um irmão que residia aqui em Olho d´Água das Flores, o Pe. escritor e dos bons Frederico Bezerra Maciel, Aglae Lima de Oliveira, que conheci pessoalmente, Hilário Lucetti, Margérbio de Lucena, Pe. Azarias Sobreira, Billy Jaynes Chandler, Como dei cabo a lampião além de tantas outras obras focando o mesmo tema, haja vista o assunto sempre me fascinou, tive familiares que viveram momentos de agruras com cabras de Lampião, quando eles entraram na então Vila de Olhos D’água das Flores, no dia 06 de junho de 1926, quando em 1966, fui professor no Povoado Pedrão, onde conheci de perto a figura lendária de Franscisquinho Anastácio, que me contou todas as peripécias de Lampião em Olhos d´Água das Flores como era chamado o lugarejo, a também no Pedrão, porém em nenhum momento Franscisquinho Anastácio se disse sanfoneiro. No livro Lampião e o estado maior do cangaço, escrito a quatro mãos pelos historiadores Hilário Luceti e Magérbio de Lucena, às páginas 140 e ss., assim se expressam os autores: “ que estando Lampião homiziado na fazenda do Coronel Ângelo da Jia com trinta bandidos e recebendo proteção chegaram mais dez cabras que se juntaram aos existentes. Os autores dizem que os anos 1925 e 1926 foram prósperos para Lampião. E o Coronel Ângelo, já sentindo certa dificuldade para alimentar tanta gente, chamou Lampião e lhe pediu para invadir Olhos D’Água das Flores, Cabóclo, Pedrão e Capim. Sempre tive interesse em saber quem foram as cabras que estiveram em Olhos D´Água das Flores, naquele longínquo 1926, após muitas pesquisas cheguei a conclusão que cerca de quatorze bandidos compunha o grupo juntamente com Lampião, não haviam mulheres, por falta de espaço não cito aqui os nomes dos facínoras, porém tenho em meu arquivo, uma valiosa pesquisa, inclusive com detalhes, que fogem aos escritos de Lampião em Alagoas, quando os autores economizam tintas ao falar de Lampião neste município, arrodearam muito e disseram pouco a verdadeira história do famigerado bandido a esta terra. Escrevi um pequeno relato sobre o fato intitulado Lampião em Olho D´Água das Flores, que estou ampliando juntamente com a tradição. O livro dos escritores Clerisvaldo e Marcello não trazem nem acrescenta fatos novos a história do cangaço, copiaram o que os outros já haviam escrito, inclusive o famoso poeta Jorge de Lima fala de Lampião em Olho D´Água das Flores, dois fatos aconteceram no trajeto entre Pedrão e Olho D´Água das Flores, que não constam na obra em apreço, a obra é uma contribuição para história do cangaço, mesmo requentada, mas para àqueles que nada leem sobre o cangaço, o livro não deixa de ser um “ beteseler” alagoano, dizem que quem fala por derradeiro, incorrem em dois riscos, ou se torna prolixo ou repetitivo.
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