JOVENS QUE SE FORAM

Antonio Machado

JOVENS QUE SE FORAM
Antonio Machado
A pacata cidade sertaneja de Olho d’Água das Flores, integrada no ciclo do polígono das secas nordestinas, via de regra, vem sendo sacudida com acontecimentos trágicos cobrindo as famílias com o véu cinzento da dor, enlutando a sociedade, e essa dor, torna-se mais pungente, quando as vitimas que tiveram suas vidas ceifadas, são jovens, arrancadas do seio de suas famílias de maneiras bruscas e impiedosas, provocando impacto doloso na comunidade. Sócrates, escreveu ”Diante das grandes dores, tornamo-nos loquazes”; isto é sem palavras, porque as lágrimas mais pesadas, são as que não caem. As palavras aliadas aos gestos, quando materializadas nas ações, irrefletidas, tornam-se brutais, levando o ser a avidez de vingança. Observando o panorama histórico da cidade do último lustro (cinco anos), registraram-se mortes, assassinos com perpetração de facínoras, tirando vidas nos albores da juventude, tolhido a aniquilando ideais. Como tão bem escreveu o imortal Cassimiro de Abreu, assim: “as primeiras ilusões da vida, abertas de noites caem pela manhã, como as flores cheirosas das laranjeiras”, quantos sonhos caídos por terra, ação muitas vezes, de uma bala mortífera disparada sem dó nem piedade por motivos fúteis, como se uma vida fosse feita de papel, quando se encerra tanta grandiosidade aos olho de Deus. Muitas famílias da sociedade olhodaguense, vem perdendo seus filhos de uma maneira tão forte e tão carregada de dúvidas, incertezas, e o que é mais doído, é a impulsividade, que tem marcado tantas vidas, que ainda motejam na terra dos mortais. A estrofe do Pe. Antonio Tomaz, bem sintetiza essa situação assim, “quando partimos no vigor dos anos/ da vida pela estrada florescente, / as esperanças vão conosco à frente, / vão ficando atrás os desenganos”. Um relance de pesquisa, dentre outros, que morreram em circunstâncias idênticas, registra-se a juventude de Claudevânio Barbosa, a simplicidade do Claudio Davi, o sorriso de Marcos Lacirio, o desejo de vencer os irmãos Ronipeterson e Alexandre, a inteligência de Paulinho Quintela, a beleza do Peloquinho “o gato de prata” a coragem de Michael, e recentemente o brincalhão Gustavo Amorim, esse grupo de jovens acima citados, tiveram suas existências marcadas pelas fatalidades da vida, partindo para outra dimensão, cujo caminho é a morte. O piedoso bispo, Dom Fernando Iório, sábio e santo, escreveu está máxima tão carregada de fé e verdade, assim ”a morte é o único transporte que nos leva a Deus”. Estes jovens e tantos outros deixaram na terra em seus curtos espaços na vida, momentos imorredores, que assinalaram seus familiares. A morte encerra tudo, porém Deus veio para que todos tenham vida; quando o homem dá vazão aos seus extintos bestiais, tirando a vida de seu semelhante, está contra a vontade do Criador, que disse: é sentida por Deus a morte de seus filhos.
Essas famílias que vem perdendo seus filhos de uma maneira tão forte e pesada, não quer mais derramamento de sangue, mas justiça, mas se a justiça dos homens falhar, a divina é infalível.

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