INVERNO MODERNO

Antonio Machado

Antônio Machado
Os caminhos do Senhor são insondáveis e seus desígnios, os estudiosos jamais perscrutarão suas origens, haja vista o ser humano ser limitado, sendo, portanto, pequeno para compreender os mistérios da natureza.
Na criação do universo as estações do ano já estavam implícitas, a Bíblia já menciona estas estações, verão, inverno, outono e primavera. Os estudiosos dizem que Deus fez os campos, e os homens, as cidades, e até que faz sentido, essa assertiva... Os tornam a carecer de proteção, sobretudo a água para melhor convivência como sentenciava Aristóteles, o homem não é uma ilha. Ora, sobretudo carece de mãos para se ajudarem na existência difícil da vida.
E se na vida tudo começou, caricia comtudo do uso da terra e de seu cultivo, mesmo com as dificuldades mais prementes, coube ao homem gradativamente, ir superando os percalços para atenuar os momentos difíceis. A chuva como elemento básico e elementar, foi sempre fundamental as plantas para versejarem e produzir para a vida dos seres como tudo é necessário o empenho do homem para saber tirar da terra seca o pão que alimenta a vida, carecendo da chuva, e esta vem se tornando cada vez mais escassa nos tempos modernos. Os tempos mudaram? Ou mudaram os homens? Eis a questão.
O escritor Câmara Cascudo (1898 – 1986), no seu livro Fundamentos da família, escreveu: “ o Sertão foi formado nos fins do século XVII para o correr de século XVIII, por gente fisicamente forte e dinamicamente superior”. Ora, nessa faixa de terra estava encetada nas mangas do tempo o polígono da seca, e de cama e mesa no nordeste e de rede armada no sertão aonde os nordestinos sertanejos vem sofrendo as maiores agruras da história, visto a morosidade dos poderes públicos, levando o poeta Colly Flores, escrever:” sem ter sono prá, dormir,/ resolvi sair pra fora/ vi a madrugada dormindo/ na redá branca da aurora”.
Os anos parecem correr céleres, como parecem ter pressa em seus términos. Os invernos pequenos e curtos parece dinheiro de pobre para fazer a feira. Os invernos eram estações longas de água que enchendo açudes e tanques tamanhos eram caudal das chuvas, hoje os invernos pequenos e pouca pluviometricidade às vezes sequer dão para criar uma lavoura de subsistência, apertando ainda mais a situação do sertanejo e todo homem do campo. Os campos do passado tinham mais água, hoje tudo é escassez o que ainda ameniza a grave situação nesses invernos modernos, são as ações emergenciais do governo. A seca assola tudo da fauna a flora, levando o poeta Manoel Bandeira escrever: “O sabiá no sertão/ quando canta me comove/ três meses passa cantando/ e sem cantar passa nove/ pois tem por obrigação/ de só cantar quando chove”.

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