IMBURANA

Antonio Machado

IMBURANA
Antonio Machado-MTB-AL1543
“A história é como a saudade, liga o passado ao presente”(Colly Flores), é pois, essa ciência a rainha das disciplinas, por propiciar ao estudioso, um reencontro fantástico com fatos e feitos que marcaram e fizeram a história através daqueles que registraram o passado, para que o presente soubesse se direcionar na perspectiva do conhecimento, não tivesse pois, os homens das cavernas deixado nas pedras e nas árvores seus escritos rupestres, como pegadas de suas passagens pela face da terra, a história não conheceria essa fase primitiva do passado, mas essas marcas, constituíram-se elos ligando o passado ao presente, dentro de um liame que somente a história revela para o homem hodierno.
Imburana, árvore sertaneja da família das Burseráceas, ou umburana, porém o caso em tela não se prende a árvore, mas a um livro escrito com este nome de Imburana no ano de 1.976, pelo juiz de Direito Dr. Wilton Moreira da Silva, hoje de saudosa memória, cuja obra foi escrita há 37 anos, perdeu-se no tempo, e os anos se foram, agora quase quatro décadas após seu lançamento, encontrei a preciosa obra, de uma pessoa que mora em São Paulo e possui essa raridade, emprestou-me, foi um reencontro delicioso entre o passado e o presente. O livro Imburana retrata a saga do povo sertanejo, mormente nos municípios de Olho d’ Água das Flores, onde a obra foi escrita, São Brás, Pão de Açúcar e São José da Tapera, comarcas, onde o escritor magistrado exerceu suas atividades na área sertaneja. Trata-se de um livro magro, de apenas 100 páginas, porém grande em conteúdo histórico, onde o autor aficionado que era pelo sertão, a ponto de ter casado com uma sertaneja olhodaguense, Marilene Rodrigues Moreira da Silva, relata a saga do sertanejo arraigado a sua gleba, enfoca com muita propriedade o ciclo do gado, dentro de uma ótica muito objetiva, os poetas populares, citando com ênfase o político e poeta Olímpio Sales de Barros (1.910-1.975), quando o escritor resgata essas duas sétimas daquele genial poeta, referindo-se a criação de seu município, assim: “depois de trezentos anos/ que o Brasil foi descoberto/ Olho d’ Água das Flores/ ainda era um deserto/ perto daquele monte/ só existia uma fonte/ com umas flores bem perto”. E conclui o poeta com mais esta: “por aqueles remotos tempos/ aqueles campeadores/ que uns chamavam vaqueiros/ outros chamavam pastores/ ali sempre se juntaram/ por isto denominaram/ de Olho d’Água das Flores”. O fanatismo religioso aliado ao cangaço, foi bastante enfocado pelo juiz Drº Wilton Moreira, em sua obra monumental.
O livro Imburana é um referencial na história sertaneja, mesmo sem nunca ter sido lançado pelo autor nesta cidade que exerceu com proficiência a magistratura, porém isto não tira o mérito da obra, poucos olhodaguenses tomaram conhecimento do livro que ora comento, em sendo aquele juiz, pessoa ciosa, não fez alarde de sua obra de feição simples, o livro do Drº Wilton Moreira, é um marco na história sertaneja, era um exímio pesquisador de nossa cultura, ia às feiras livres na busca de material para seus escritos, gostava de conversar com as pessoas simples, sentia-se a vontade entre elas. Suas pesquisas tão bem ordenadas o constituía um grande sociólogo ao escrever parte da história do povo sertanejo, enfocando a rudeza do homem do campo, seus crimes hediondos, onde o autor trata com muito conhecimento de causa, haja vista sua especialidade nesse ramo cível. Foi grande articulista, vez por outra surpreendia os leitores nos jornais com seus artigos tão bem emoldurados, registrando o presente nos anais da história de seu tempo, sentenciava o imortal Heráclito que: “o tempo é o Deus do saber”. Porém esse gênio do Direito e das Letras cansou, e como todo mortal terminou seu tempo, deixando seus escritos que certamente o tornaram imortal na história dos homens de todos os tempos, porque o tempo é o senhor da história. Machado de Assis escreveu: “as palmas, as lágrimas, a vida, tudo isto acaba, quando fecha a cortina do palco, que fica daquilo que sonhou e batalhou pela felicidade dos outros é a mão que ele estendeu”.


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