HISTORIAS QUE OUVI CONTAR
Antonio Machado
Dizem que o coração tem razões que a própria razão desconhece, e foi pautada nesta bitola que a poetisa cronista, Ines Amorim, se conectou para escrever seu segundo livro, pois a primeira obra da autora, Um novo despertar publicado em 2015, deixou boas impressões nos leitores, agora num hiato longo, seus leitores, mormente os amantes da boa poesia, já estavam desejosos de novos escritos, entretanto, somente no limiar de 2018, foi que recebi a bela obra em apreço, Histórias que ouvi contar, face minha pouca permanência na ACALA. A obra dessa poetisa cronista, Ines Amorim, surpreende o leitor a cada parágrafo, como a prendê-lo do começo ao fim da obra. François Poitoru (1613 – 1680), escreveu: “a felicidade está no gosto de cada pessoa, e não nas coisas”, a poetisa Ines Amorim, tem esse gosto pelas letras, e nesse emaranhado retira a poesia, porque trouxe a verve poética, e o faz com suavidade entrelaçado ao telurismo sem a pieguice dos nostálgicos. Historias que ouvi contar é uma obra em duas partes, sendo a primeira eivada de contos bem estruturados, com começo, meio e fim como dizia Guy de Maupassan. Enquanto o segundo momento do livro está centrada na beleza poética, que a visão da cronista, se sobrepõe a primeira fase dada a concisão dos versos na composição das estrofes, o poeta sem métrica Colly Flores, escreveu: “bonito não é o que escreve, mas o que se escreve”, o livro de Ines Amorim segue uma temática sempre exaltando o amor, de braços com a verdade na busca da justiça atrelada ao perdão, seus escritos, cara poetisa, tem a doçura do mel da Manda-saia que povoava os arbustos das árvores sertanejas em fins do século XX, hoje tudo acabou face as queimadas irresponsáveis. Sua poesia, assemelha-se a candura de uma Cora Coralina, uma Adélia Prado e porque não dizer a beleza de uma Lilinha Fernandes, e a tantas outras do mesmo naipe que empolgaram e empolgam aos amantes da poesia.
Em Fale bem, vejamos o que nossa amada poetisa Ines, escreveu neste sêxtuplo: “procure falar de bem/ e as qualidades enxergar/ não esqueça de ninguém/ procure não magoar/ veja sempre o lado bom/ quando precisar falar”
As historias da infância que Ines ouviu, no copiar das fazendas dos velhos casarões, que a modernidade carregou, notadamente nas noites de plenilúnio, quando a lua estava mais bonita, estes casos e histórias, foram gradativamente se armazenando na prodigiosa inteligência sensitiva da futura escritora, era os primeiros passos rumo a uma Academia de Letras, pois, tudo estava nas mangas do tempo...
A melhor maneira de se ser feliz é contribuir para a felicidade doa outros, assim escreveu Baden Pawell (1796 – 1860), e, Ines soube melhor que ninguém conquistar esse gáudio, porque é professora por vocação, soube levar luz onde havia trevas, como São Francisco. Hoje modestamente aposentada ainda faz o que mais gosta, ler e escrever seu corolário de belas crônicas e encantadoras poesias então ela é feliz porque faz os outros felizes no palmilhar de sua existência através das sendas do saber. A poetisa cronista Ines Amorim, pode-se lhe atribuir esta máxima imortal da inolvidável Cora Coralina, (1891 – 1985) “eu me esforço para ser cada vez melhor, bondade se aprende”.
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