Antonio Machado
A igreja católica na sua sabedoria milenar tem como regra a tradição e a Bíblia, a tradição porque conservou na história a piedade e a fé dos primeiros cristãos, e até dos catecúmenos e a Bíblia porque através dos profetas e evangelistas escreveram toda história do povo Hebreu e chegaram a Jesus, que os apóstolos, minuciosamente guardaram em seus escritos, toda história de Jesus, embora eles digam que muitas coisas que o Mestre fez, não estão escritos na Bíblia. Na vida pública de Jesus Ele já apontava para a instituição da Eucaristia, quando afirmava: “Eu sou o pão que desceu do céu” e mais: “quem come a minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna...” (João, LI, LVIII), estas frases tão profundas e carregadas de tanta fé, já eram prenúncios da Eucaristia, e iria se confirmar na quinta-feira da paixão do Senhor, quando Ele na presença dos doze apóstolos tomou o pão e o vinho e confirmou que eram deveras sua carne e seu sangue. A história religiosa da igreja registra que, ainda adolescente a Irmã Juliana Mont Cornillon, agostiniana, com apenas 17 anos de idade, residente na Bélgica, começou a ter visões onde Jesus lhe pedia uma festa anual, mas somente em 1231, aos 38 anos de idade, essa religiosa confidenciou suas visões ao cônego Tiago Pantaleão, que mais tarde foi eleito Papa com o nome de Urbano IV, porém antes de morrer ele escreveu a Bula Tansiturus, em 1264, onde instituía a festa de Corpus Christi, que seria celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade. Esse decreto teve pouca repercussão porque o Papa morreu, mesmo assim algumas igrejas adotaram a festa, porém somente 50 anos depois quando o Papa Clemente confirmou o decreto de seu predecessor, estendendo a festa da Eucaristia por todo mundo, tornado-a universal. Ao longo de todo esse tempo, a igreja conservou incólume esta festa onde se venera piamente com fé e devoção a transubstanciação, isto é, a mudança do pão e vinho no corpo e sangue de Jesus. As ruas da cidade os católicos enfeitam todo trajeto por onde Jesus vai passar em procissão, levado pelas mãos de um padre católico que nas aparências de uma hóstia consagrada está Jesus em toda sua divindade, esse ato de piedade arrasta milhares de fieis, que canta e louvam a Jesus porque acreditam que ali está o próprio Jesus Cristo, e só acompanha quem acredita nestas verdades. Mesmo no céu, Jesus quis ficar conosco na Eucaristia, como escreveu São Mateus em XXVIII, XX: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”, mas é necessário que olhemos com os olhos da fé para se vê Jesus na hóstia consagrada, portanto escreveu Santa Teresa: “se o Rei da glória se ocultou sobe as espécies do pão e velou sua majestade neste sacramente foi para infundir-nos ao seu divino coração”. No inicio foi tudo com certa dificuldade, até as relíquias dos santos foram usadas, porém o tempo criou ostensórios onde o corpo do Cristo na hóstia consagrada, sai das custódias para os ostensórios luzentes e destes para visitar as famílias nas grandes procissões que enchem as ruas pelas cidades do mundo inteiro, atraindo os fieis pela fé e piedade cantando: “glória a Jesus na hóstia santa/ que se consagra sobre o altar/ que aos nossos olhos se levanta,/ para o Brasil abençoar”.
Comentários