Antonio Machado
As flores com seu conjunto de matizes formam verdadeiros florilégios que encantam os mais toscos e lúgubres ambientes, com tonalidade e tons diferentes, para melhor deleite dos seres humanos. Pois a natureza na sua sapiência, alcandorou os campos com as rosas, dizem os poetas que toda rosa pode ser uma flor, mas nem toda flor pode ser um rasa. As últimas trovoadas que permearam o sertão, trouxeram novos alentos a sertanejada tão ávida de chuva, visto ser o sertão uma área de terra incrustada no polígono das secas, que vez por outra campeia a região. Um tapete de verde altiva cobre toda área, as serras e vales aliam-se às campinas, onde as flores silvestres começam a despontar, dando uma conotação bucólica a toda região, pois certamente as árvores passarão o Natal vestidas e enfeitadas como se preparam com suas folhas e flores, galhardamente, para receberem o Salvador. Mas infelizmente, essas benfazejas trovoadas, não trouxeram as flores roxas dos paus d’arcos que tanto emolduravam as serras. Mas por que, perguntará o leitor, e a resposta é o que homem devastou essa árvore de lei, que era uma referência nas floradas das serras, mormente, nas manhãs e tardes sertanejas, como tão bem contou o poeta Leandro Gomes de Barros, (1868-1918), assim: ”as tardes lá são belas/ e chama tanta atenção/ que embrandece de momento/ o mais duro coração/ não pode cantar no mundo, / quem nunca andou no sertão”. O sertão vem ao longo da história sofrendo grandes comutações em sua fauna e flora, visto o IBAMA, sediando na capital, não dispõe de condições de executar um controle mais efetivo nessas áreas onde seus biomas são mutilados sem nenhuma providência. As árvores são cortadas e queimadas a olhos vistos, a exemplo do pau d’arco, a caraibeira, o cedro, madeiras de lei, acabaram-se tudo, foi levado de roldão, sem nenhum controle, até os ouricurizeiros, onde tudo se aproveitam, o sertanejo vem os arrancando indiscriminadamente pelo bel prazer de extinguir essa árvore tão importante na região sertaneja. Os jornais anunciaram que o órgão do IBAMA se instalaria na região, oxalá que isto aconteça. Num passado não muito distante, fazia-se gosto se ver as serras com suas franjas enfeitadas de flores do pau d’arco roxo, hoje em extinção, essa árvore é simbólica de uma cidade sertaneja, Olho d’Água das Flores, visto seu nome estar atávico a essa planta da família dos Biononáceas, os poucos exemplares que ainda restam no município, estão sendo preservados apenas pelos proprietários, outros pela municipalidade, há poucos dias um exemplas foi barbaramente arrancado por um menino de um praça da cidade, meu Deus quanta ignorância! Diante deste descalabro, o que se poderia fazer? Uma campanha de conscientização na comunidade por meio de escolas, órgãos de serviços pela preservação desses valores. Acertadamente, alguém escreveu: “a natureza vilipendiada pela ação criminosa do homem, vinga-se, dando-lhe flores”.
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