APOSENTADO: UMA PEDRA NO CAMINHO
Antonio Machado
Cora Coralina escreveu “feliz aquele que ensina o que aprende,e a aprende o que ensina”, e após uma luta titânica e incessante, um professor que por vocação sublime, dedicou sua preciosa existência ao magistério, preparando os jovens para o amanhã da vida, chega o devido e merecido momento de requerer sua aposentadoria. Afirmo isto com conhecimento de causa, há vista ter sido e sou professor, cargo que exerci por cerca de trinta e cinco anos de sala de aula, sem nunca ter tirado uma licença médica, lecionei do curso fundamental a universidade, mesmo exercendo o cargo de diretor de Colégio do Estado, jamais me afastei da sala de aula, não cito como exemplo, mas isto eu vivi. Hoje vejo tantos companheiros e companheiras professores aposentados, que fizeram muito mais, porque deram sua vida pela educação dos filhos dos outros, que hoje brilham nas mais diferentes atividades profissionais, como o governador e o próprio secretário de Educação passaram pelas mãos desses abnegados mestres, que hoje se constituem uma pedra no caminho, mormente quando se trata de lhe conceder um mínimo que esses profissionais da educação têm direito, lhes são negados, e o ilustre secretario diz que: no momento o estado não ter condições de conceder o reajuste que o PCCS. Propõe, por causa de documento reivindicatório, estar atávico aos pobres e míseros aposentados e inativos. Não há disponibilidades de caixa. Assunto encerrado. Simplesmente porque os professores da ativa não querem deixar seus companheiros de fora e no meio da estrada, e o fazem muito bem, estão todos solidários a classe num gesto bonito, digno e louvável. Ora, o senhor secretario, reconhece, o valor da classe inativa por sua contribuição a educação no estado. Mas secretário, olhar, não significa ver, mas sentir, é ver com os olhos da alma, aí sim, é reconhecer o valor dessa classe trabalhadora, e que agora, quando mais precisa de uma melhoria salarial, torna-se empecilho, como uma pedra no meio do caminho, reconhecer o valor do mestre, está fazendo os demais companheiros da ativa, que preferem não receber essa benesse, a deixar de lado o restante da classe sem ser beneficiada, porque o amor é um só, não se divide, como escreveu o imortal José Américo de Almeida. Mais uma vez quem paga tudo são os professores. As leis que regem a educação, determina que para ser professor tem que se ter a qualificação profissional dentro da área que se pretende ensinar, nada mais justo, porém o secretário de educação do estado, é simplesmente, um grande causídico, constituindo-se um dos mais brilhantes advogados do estado. E na educação? Creio que talvez possua o finado curso magistério. Colly Flores, o poeta de poucas letras, escreveu: “ser professor é subir num pau de sebo, e encontrar na ponta, uma nota falsa”. E comenta a subida íngreme, com dificuldade, é a juventude, e o topo com a nota falsa, é a aposentadoria, doente e sem dinheiro, quando consegue um plano de saúde, o hospital corte, a doença aumenta, e a pessoa morre.
Se a classe está unida, coesa e firme, para ver se sensibiliza a todo poderoso “marquês de pombal alagoano” ou o governador, porque como sentenciava D. Helder Câmara: “ninguém é melhor do que todos juntos”. Caso continuem essas indiferenças governamentais com a classe dos professores, poderá gerar uma crise de vocações para o magistério, mormente nos curso fundamental e médio, quando se ser professor é uma profissão tão bela quanto sublime, haja vista, aos poucos, a mestra vai desvendando um mundo novo para o educando, por meio das aulas, como a lhes despertar o gosto pelas letras, gerando o saber como a plasmar uma pilastra em sua mente, abrindo-a para o conhecimento, levando Einstein dizer: “a mente que se abre ao conhecimento, nunca mais volta a ser o que era”, porque ser professor, é abraçar a mais sublime das profissões, porém o professor,hoje,aposentado,se constitui para a classe,uma pedra no caminho,mormente,para as autoridades.
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