Antonio Machado
Os jornais estão cheio de notícias, notas bem elaboradas e bonitas, outras até hilariantes, outros capricham em seus conhecimentos, tentam mais mostrar sua erudição, esquecendo-se do cerne da notícia, outros mostram o cotidiano da vida, e essência do povo simples em seus escritos com simplicidade. Quais são os mais lidos: os eruditos, os iletrados? A resposta fica com o leitor. Animo-me em escrever dentro de minha simplicidade, pois não sou doutor, mas atrasado nas letras, e tenho sempre em foco as coisas de minha terra. “todos cantam sua terra/ também vou cantar a minha/ hei de fazê-la rainha/nas belas cordas da lira” escreveu Cassimiro de Abreu. O inverno acabou, as chuvas cessaram, o sertanejo jogou tudo no inverno, e este lhe frustrou, dando-lhe uma safra magra e minguada, haja vista quando da floração do feijão, a chuva faltou, e só veio quando a fase maior da necessidade já havia passado, deixando o sertanejo a ver navios... Fala-se numa cobertura pelo governo Federal, mas se isto vier, será mais curto do que focinho de macaco, e enquanto isto o pobre continua mais pobre e sabe por que, caro leitor? Porque o amigo do pobre é pobre também.
O sertanejo é sempre assim sem perspectiva de melhora, as bolsas do governo cantadas e decantadas, são verdadeiros paliativos vergonhosos, só servindo para o pobre não fazer nada, e ainda se canta aos quatro cantos do pais a famoso slogan: “Brasil sem fome” a maior utopia da história brasileira, criado pelos aloprados do PT. Para esse desgoverno que está aí. Enquanto isto o Nordeste paga um preço alto, haja vista todos programas do governo serem de cima para baixo, feito na sutileza dos birôs de Brasília, em salas alcatifadas bem distante da realidade do Nordeste e eqüidistante do sertanejo, levando o poeta Colly Flores escrever: “êita Nordeste brasileiro/chamado de sertão/vale um Brasil inteiro/ este pedaço de chão”.
Não tenhamos dúvidas que a seca vem se aproximando “xoxôu” o feijão na vagem e nem preço tem, o milho morreu na boneca, mas a necessidade na casa do homem da roça, essa sim, tem vingado e dado bons frutos. Enquanto isto os discursos e artigos falaciosos dos chefões políticos e os apaniguados do governo enchem os jornais e as revistas. Esta é a nossa terra sofrida, cantada e decantada em prosa e versos por nossos poetas que não freqüentaram universidades, nem nunca viram um Congresso nem foram a Brasília, mas possuem a inteligência dada por Deus e melhor que ninguém retratam suas terras, suas glebas sertanejas tão seca, mas tão bela, que foge a erudição dos letrados. Senão vejamos esta décima tão oportuna escrita pelo poeta Colly Flores: “distante do torrão amado/ vou pensando sozinho/ em voltar pelo caminho/ que fiz no meu passado,/ hoje tão distanciado/ da terra que me viu nascer/ brincar, estudar e crescer/ para a vida lá fora/ mas não vejo a hora/ de voltar pra lhe ver”. O sertanejo é este misto de coragem, trabalho e saudade tão próprio do ser humano, e sua terra é só seu bem maior, ele está arraigado a seu habitat como a semente a casca, e se pudesse fazia como o caramujo, levava a casa onde fosse.
As secas bravias enxotam o sertanejo se sua terra, mas não arranca a lembrança de seu coração, as safras frustradas dos anos ruins assustam os sertanejos, mas ele sabe tirar dos fracassos da vida a alegria de viver com sua família, seu bem maior.
Comentários