Algumas pessoas devem se perguntar, ouxe, como forró eletrônico ou digital? Esse rapaz é meio estranho! Calma, vou explicar, nós músicos, as vezes usamos uma linguagem que as vezes soa estranho, então, quando nos referimos aos instrumentos, a maioria se refere a instrumentos acústicos, ou instrumentos sintéticos, e devido à algumas invenções usarem uns maquinários enormes e tal, as vezes brincamos com esses termos “Analógico, para nos referirmos aos instrumentos acústicos e Digital, para nos referirmos ao instrumento sintetizado.
Só pra vocês entenderem a diferença entre cada um; usamos como exemplo o piano, um instrumento acústico, com um som majestoso, as vezes bruto, as vezes suave, ao natural, com os pianos de cauda, ou os pianos de armário, e o famoso teclado, que transformou o instrumento acústico em sintetizado, que não é a mesma coisa, pois o som do acústico é apurado, limpo, e uma sonoridade que só ele produz, e que o instrumento sintético, por melhor que ele seja, nunca chegará a ter o mesmo efeito.
Mas sigamos para o tema principal; Forró Analógico ou Digital? Ambos são bons, mas há um porém em cima disso tudo, o forró analógico, se aproxima muito mais da realidade das pessoas do que o forró digital, porque? Não é tão difícil a gente andar pelos sítios, fazendas ou chácaras por ai a fora, e nos depararmos com um trio pé de serra, cantando em festas, ou até mesmo compadres brincando no quintal de casa, mas duvido que vocês acharam muitos na zona rural, no quintal de casa com um teclado, ou uma banda dos dias de hoje, acha? Pode até existir, mas acredito ser impossível.
Os elementos do forró analógico sempre favoreceram aos compositores se aproximarem da realidade do povo, criando letras e melodias retratando principalmente o verdadeiro nordestino, aquele que enfrenta a vida nua e crua, na zona rural, eis ai a obra de um tal de Luiz Gonzaga que não me deixa mentir, era um forró que não precisava ou melhor, não precisa de tanto recurso pra fazer o povo balançar, e fazer uma festa arretada de boa.
Já o forró digital, ou seja, esse forró atual que conhecemos, tem procurado cada vez mais atender as exigências do público, do que do forró de faro propriamente dito, causando assim uma sensação de êxtase no seu público alvo (normalmente a juventude) mas assim, jogando cada vez mais pelo ralo sua essência, culturalmente isso é prejudicial a saúde, não sei dizer a do corpo, mas pelo menos da alma sim, a digitalização do forró acabou fazendo muita gente perder a cabeça, isso se não o emprego.
Simplesmente porque o forró digital, já começa a partir dos compositores, que são cobrados o tempo todo, e conviver com a pressão em cima deles, e pra piorar tem uns dos poucos que ainda restam que descem de nível por conta da exigência das bandas, fazendo compor coisas de baixo nível, como letras pornográficas, ou coreografias ousadas e de natureza ofensiva, do lado “machista” tratam a mulher como se ela tivesse que se submeter as suas vontades, do lado “feminista” elas mandam de volta tudo que eles fizeram, e assim expõe indiretamente o sofrimento alheio sem mencionar ninguém ou trocando o nome do personagem da história, é um chifre bem ou mal levado, é do lado “machista” escrachando as mulheres e tratando-as como objeto sexual, que não é diferente também do lado oposto, e como se resolve? Na cachaça! Isso é futuro pra alguém? Não sei! (isso falando em termos culturais).
Mas para os jovens claro, tudo isso é uma coisa normal, o som dos paredões de som, super potentes, ou P.A.’s dos palcos, com som forte da batida da bateria, os dedos deslizando no baixo e guitarra, o preenchimento da harmonia do teclado, isso atrai muito a juventude, que gosta de uma coisa bem atual, bem a cara deles, que aproveitam pra ficar muito, namorar pouco, beijar muito e compromisso zero, claro que por ter minha opinião formada, não que dizer que eu não ouça esse tipo de som, claro que não, ouço sim, como tenho minhas bandas preferidas, pois minha área exige o máximo de atualização possível.
O forró analógico se tornou digital ainda nos anos 90, quando o analógico foi perdendo sua força por conta da juventude, que já começava a ser mais exigente, e os compositores e músicos daquela época não eram mais tão valorizados, dai então a zabumba e o triangulo foram perdendo lugares para a bateria e instrumentos de percussão, a sanfona já ganhava mais uns amigos de harmonia, como a guitarra o baixo e o teclado, naquela época poucas eram as bandas que usavam metais (sax, trompete e trombone) hoje em dia quase todas tem, e o vocalista já não estava mais tão sozinho no palco, ganhou os backings de apoio conhecidos mais como “backing vocals” e um corpo de dançarinos.
Se hoje o rei do baião fosse vivo, ele com certeza teria um infarto, por ver o que ele tanto se dedicou em construir indo por água a baixo, pois a essência do forró parece a cada período estar desaparecendo, mas por outro lado, ele com certeza ficaria orgulhoso por ver os acordeonistas dando continuidade ao fortalecimento do instrumento, bem como existem uma turma preocupada em manter seu legado, se não os filhos, mas discípulos que muito tem a aprender com o que seus mestres deixaram, como o Cezinha do Acordeon discípulo do mestre Dominguinhos, Chambinha do Acordeon, que protagonizou a série “Gonzaga, de pai para filho” interpretando o rei Luiz Gonzaga, o Luan filho de um sanfoneiro não tão antigo o grande Amazan, também não tão velho, mas que eu considero da nova geração por ter chego a pouco tempo nos palcos, o nosso poeta Dorgival Dantas, e recentemente fortalecendo a mulher nordestina a linda Lucy Alves finalista do The Voice Brasil 2013, sem deixar de mencionar os já consagrados grupos “Falamansa e Rastapé” e uma revelação do Super Star 2014 o grupo “Bicho de Pé” todos esses, os que tiveram a oportunidade de estar com seus mestres procuram valorizar o que eles deixaram de herança, que não teve a oportunidade busca através dos mais experientes conhecer e transmitir aos jovens o legado dos mestres.
Mas para finalizar, não posso deixar de mencionar alguns da nossa terra querida Alagoas, uns muito conhecidos, outros nem tanto, mas se mencionar a empresa, com certeza conhecerá, menciono aqui alguns conhecidos como; Chico Santos, sanfoneiro de mão cheia, João Sarapião, uma lenda do acordeon próximo a nós, e seu filho Régis, conhecido como “Régis Som” e uma dupla no qual só tive a oportunidade de trabalhar apenas com um deles; “Zé Demó e Lulinha Demó” o Zé com quem trabalhei em uma banda de forró de Arapiraca, hoje não mais existente, e o Lulinha Demó, que infelizmente nos deixou ano passado, ambos, acordeonistas do vaqueiro mais conhecido da nossa terra Mano Walter, e dos não conhecidos um cara que conheci a pouco tempo, mas aprendi a admirá-lo como músico e como pessoa, o Sr. Luizinho, popularmente conhecido como Luizinho de Zulene, um acordeonista de mão cheia. Turma toda essa que valoriza tudo que a nossa geração não alcançou, ou se alcançou pegou já no fimzinho!
Mas e você, que forró você prefere, o Analógico ou Digital?
Comentários