Como uma população quase inteira acreditou veementemente na ideologia racista e xenofóbica de Hitler (desde 1920 o NSDAP pregava políticas racistas, anti-semitas e anti-humanas e, ainda assim, em 1933, 95,1% da população alemã - pasmem! - incluindo até judeus! - apoiaram e deram "sim", num plebiscito, à política de Hitler!) , um austríaco (portanto, estrangeiro!), não ariano (não tinha cabelos loiros, não era altíssimo, tendo apenas pálidos olhos azuis - vejam uma das raras fotos coloridas do Füher neste link:https://rarehistoricalphotos.com/rare-color-photo-adolf-hi…/)?
Vejam, pois, conforme o que Hitler defendia, ele sequer seria admitido para as SS (Schutzstaffel - Tropas de Proteção, uma tropa de elite ariana), cujos requisitos eram: 1. ser cidadão alemão nascido; 2. não possuir na árvore genealógica familiar nenhum judeu; 3. ser branco; 4. ter cabelos loiros; 4. ter olhos azuis; 5. ter altura mínima de 1.80m; 5. nível cultural elevado; 6. aptidão e resistência física.
Esse fato nos leva a observar alguns acontecimentos atualmente que conduzem à cegueira ideológica brasileira:
1. Patriotas que vivem a exaltar os EUA e Israel; não se importando com a miséria do seu povo, com a devastação da Amazônia, com a o extermínio de povos nativos, etc...
2. Evangélicos que defendem políticos armamentistas e que pregam discriminações e distinções;
3. Liberais que apoiam políticos autoritários;
4. Cidadãos(ãs) que defendem seletivamente o combate à corrupção;
5. Intelectuais e artistas que apoiam e defendem políticos extremistas, que atacam as ciências, a filosofia, as artes.
6. Judeus que vêm apoiando políticos de extrema direita, racistas, xenófobos.
Sim, essas observações práticas da sociedade evidenciam uma realidade símile àquela da Alemanha nazista, isto é, pessoas flertando com o horror, sem fazer reflexões reflexivas, sem quaisquer questionamentos, sem crítica.
Por que isso se dá de forma aparentemente tão natural e inquestionável? Como isso está-se perpetuando, principalmente, entre as classes menos favorecidas? O que faz um oprimido a acreditar que o opressor excludente pode ser o salvador das suas mazelas sociais?
O horror sempre trabalhou com a influência e captação de massas a partir de uma linguagem simplista, com argumentos dualistas, em que o mundo se divide entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto. As táticas propagandísticas nazistas baseavam-se justamente nestas questões. O dualismo leva a escolha de inimigos! E, ao escolher os seus adversários, os nazistas procuravam desacreditá-los, socialmente e politicamente.
Mas não só: a violência psíquica aliava-se à violência física para dar eficácia social à sua meta totalitária. Assim, os partidários do nazismo inventaram novas teorias biológicas e sociais para dar justificativa ética e moral aos seus racismos, à xenofobia, ao extermínio de adversários políticos. Ao escolher os seus inimigos, o séquito hitleriano buscava peremptoriamente destruir as imagens e os conceitos positivos construídos acerca dos seus rivais.
Para tanto, a distorção de fatos e de verdades, bem como a tentativa nefasta de engendrar uma nova história humana, foram mesmo usadas a serviço da barbárie. Mas o cerne dessa estratégia era convencer emocionalmente as massas irracionais através da exposição retórica de que o mundo é e deve ser explicado e compreendido de modo simples, possuindo apenas dois lados.
Deste modo, atua a extrema direita atual, com os seus novos aliados: as igrejas evangélicas, os conservadores, os liberais xinglings. Sob o artifício de uma política anti-humana, ataca violentamente as ciências, a filosofia, as artes, tentando, a todo custo, criar enfaticamente e através de fake news e de pseudofilósofos, e usando outros motivos morais discriminatórios, uma dicotomia social excludente em que índios, mulheres, LGBT, pobres, negros, ateus, verdadeiros liberais, socialistas e comunistas, e minorias vulneráveis tornam-se alvos inimigos de sua política fascista.
Adriano Nunes
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