Em 18 de fevereiro de 1957, com carteira profissional devidamente assinada, ingressei no serviço público federal, admitido como escrevente-datilógrafo no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), lotado na Residência/Escritório de Santana do Ipanema.
Antes, desde meados de 1953, meu trabalho na cidade era o de balconista de forma clandestina, sem registro trabalhista ou previdenciário, fato que impediu minha aposentadoria aos 50 anos de idade de acordo com a legislação trabalhista então em vigor.
No novo emprego, vida mansa, de salário modesto, de apertura, é bem verdade. Mas ambiente saudável e alegre, como eu disse em crônica publicada em 14/11/93, que se acha inserida no meu livro Caminhada, páginas 25/26.
O ambiente no escritório era maneiro, de pouco trabalho e muita conversa, salvo em fim de quinzena ou fim de mês, quando medições de montes de terra transformados em metros cúbicos chegavam à sala de estatística e os apontamentos da frequência dos trabalhadores em obras no campo eram entregues ao setor de pessoal.
Cabia-me datilografar relatórios, correspondências e folhas de pagamento. De várias páginas das folhas de pagamento recolhi nomes e sobrenomes estranhos, curiosos, muitos deles, acredito hoje, fora da tradição e da origem da família brasileira, certamente trazidos de Portugal durante o Brasil colonial.
Sobre nomes curiosos, no setor de cadastro no Banco do Brasil em Santana do Ipanema, encontrei no fichário Maria da Glória Rainha de Portugal (?), possivelmente nome de esposa de antigo mutuário do banco.
Há pouco, debrucei-me, curiosamente, em pesquisa sobre Inquisição e Cristãos-Novos. A Inquisição veio de tempos imemoriais. No século XII já existia como tribunal eclesiástico instituído pela Igreja católica para investigar crimes contra a fé católica.
Sabe-se que o efetivo processo de colonização portuguesa no Brasil ocorreu a partir de 1530, no reinado de D. João III (1521-1557), soberano muito católico. Apesar do apelido de O Piedoso, a Inquisição em Portugal foi instituída, por sua iniciativa, em 1536, e o primeiro Auto de Fé da Inquisição Portuguesa se deu em 1540.
Colunistas: CRISTÃOS-NOVOS E SOBRENOMES
LiteraturaPor Djalma de Melo Carvalho 05/07/2022 - 22h 23min Acervo do Autor
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