Reforma da Previdência vai igualar setores público e privado, diz Temer

Política

Por CBN

Presidente disse que texto será enviado ao Congresso como uma PEC

Em entrevista ao CBN Brasil, o presidente Michel Temer afirmou que a reforma da Previdência será uma Emenda Constitucional, e não um projeto de lei, o que altera a Constituição. Ele adiantou que não haverá distinção entre as aposentadorias dos políticos e trabalhadores do serviço público da previdência geral. Já em relação aos militares, que sempre tiveram tratamento diferenciado em função das peculiaridades da carreira, Temer disse que ainda não sabe como eles serão incluídos na mudança.

Perguntado sobre a resistência para aprovar as modificações, o presidente afirmou que se trata de um sacrifício necessário. "Eu acho que há uma consciência do Legislativo e da classe política em geral no sentido de que é fundamental (aprovar a reforma), embora possa haver um ou outro sacrifício. A Previdência provavelmente será mais discutida do que a PEC do teto de gastos. Se não fizer alguma coisa nesta direção, daqui a dez anos, o servidor vai bater às portas do setor público e não haverá dinheiro para pagar", afirmou Temer.

Sobre a idade mínima para aposentadoria fixada em 65 anos, Temer disse que ainda não tem uma decisão. Ele contou que só irá verificar todos os pontos do texto após a viagem à Índia. Em seguida, garantiu que irá se reunir com diversos setores, como líderes da Câmara e do Senado e de centrais sindicais, para, em suas palavras "asfaltar o terreno". Ele disse que a reforma da Previdência será dialogada, e não "uma imposição de cima para baixo". Questionado sobre como reagirá aos críticos, Temer minimizou o problema: "é muito provável que qualquer acréscimo tenha resistência, mas isso faz parte da vida".

Carlos Alberto Sardenberg também perguntou ao presidente sobre o jantar de domingo, que precedeu a sessão que votou a PEC do teto de gastos. Temer contou que a ideia do jantar foi dele, e que o objetivo era trazer todos os deputados para Brasília já no domingo, garantindo o quórum na segunda-feira. No cardápio, filé e massa. "Eu confesso que nem jantei. Não me lembro se teve vinho. Eu só parei as conversas quando todos foram embora, por volta da meia-noite", afirmou Temer, reforçando que aproveitou o encontro para ajudar a obter votos para aprovação da medida: "foi uma vitória significativa porque os deputados compreenderam a importância do projeto. Eles estão preocupados com o Brasil".

Questionado sobre a votação, que obteve na Câmara dos Deputados 366 votos favoráveis à aprovação da PEC do Teto de gastos, placar semelhante à votação do impeachment (367 favoráveis à saída de Dilma), Temer afirmou que sua base política conta ainda com mais deputados: "nossa base chega a 375, mas alguns estavam viajando. Até hoje, não perdemos nenhuma votação. Faço uma interlocução muito significativa com o Legislativo. Tenho a sensação de que vamos levar o mesmo ritmo até o final do governo".

Temer se disse tranquilo em relação à votação da medida no Senado: "tenho a impressão de que vamos repetir a votação e aprovar a mudança neste ano".

O presidente garantiu que o Orçamento do ano que vem já leva em conta a PEC do teto de gastos, e que não haverá redução nos investimentos de educação e saúde.

Michel Temer também falou sobre a ação do TSE sobre a cassação da chapa Dilma-Temer. Ele se disse tranquilo e garantiu que sabe separar as funções de vice-presidente e de presidente da República: "se um dia acontecer (de ser cassado), eu vou defender o que eu julgo ser compatível com a Constituição Federal. Mas, se em caráter definitivo, o Judiciário decidir que será assim, muito bem, será assim".

Perguntado sobre a Lava-jato e as delações de executivos ligados à Odebrecht, que podem comprometer membros do governo, Temer disse que vai examinar caso a caso: "mesmo aqueles que no início do governo interino deixaram os cargos, foi porque houve menções a eles e eles decidiram sair".

No governo Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB) deixou o Ministério do Turismo, assim como Romero Jucá saiu do Planejamento e Fabiano Silveira, da pasta da Transparência.

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