O combate da Dengue é interativo. Não é exclusivo da área da saúde. Não se combate dengue sozinho, o trabalho deve ser feito em parceria. No caso dos demais municípios alagoanos, estamos unindo saúde, educação e infraestrutura. Precisamos conscientizar as pessoas de que, 80 por cento dos focos de dengue estão dentro das nossas casas.
O poder público tem que fazer o trabalho nas áreas urbanas, praças, verificar os lixões, um exemplo de um grande problema para dengue são as garrafas pet. Nós, secretários de saúde temos o mapeamento dos municípios que estão com alto risco de epidemia de dengue, Alagoas está entre os 16 estados brasileiros com este risco, Maceió tem seu plano próprio, e os outros 102 municípios estão dentro do plano estadual de trabalho contra dengue.
Estamos tendo reuniões periódicas com o setor de vigilância epidemiológica do estado, onde é discutida a melhor forma de buscar o engajamento do cidadão no combate a dengue.
Precisamos convencer as pessoas que o grande problema está dentro de casa. Muitos não entendem o perigo do mosquito, das caixas d?agua abertas, caixas de cerveja, pneus, elas acham que nunca irá acontecer com elas. Eu e meu filho já fomos ao mesmo tempo vitimas da dengue, por causa do vizinho que viajou por três meses e deixou a piscina sem manutenção.
O combate está nas nossas mãos e por isso precisamos muito da parceria, não somente com a saúde dos municípios, mas também com as secretarias municipais de educação, pois os jovens que estão na escola são grandes vetores de modificações e paradigmas, eles já irão chegar em casa sabendo o que é dengue e quais suas conseqüências. Esse trabalho educacional, junto às ações dos agentes de saúde fará muita diferença.
Nosso trabalho está sendo feito, com a requalificação dos agentes, médicos, hospitais, existem propostas de montar hospitais regionalizados, como na região norte, onde circulam muitos turistas.
O combate a dengue é extremamente complexo, portanto precisa de grande injeção da sociedade para que se possa ter sucesso, então a preocupação enquanto COSEMS é divulgar entre nossos secretários municipais de saúde, para que cada um se una com sua secretaria de educação e infraestrutura, além de contar, também, com a participação do poder publico e jurídico, até porque se uma casa estiver fechada, teremos de ter uma ordem judicial para a entrada dos agentes, casas fechadas são muito propícias a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Nossa maior dificuldade é trabalhar nas regiões litorâneas, a exemplo a praia do Francês, onde 90 por cento das casas estão fechadas, no caso dos municípios de pequeno porte, a dificuldade é trabalhar a educação na área rural, convencendo aquele morador de que ele deverá tirar aquela planta que cria na água há anos. A localização dos focos é setorizada, cada região tem um agravo diferente, e deve ser trabalhada e estudada, caso a caso.
Nós já estamos buscando a conscientização com rádios comunitárias, levando isso também para as escolas. É o que deve ser feito. Temos que convencer os jovens, do que é o combate à dengue dentro de casa. Nas escolas já se trabalha com premiações de estudos sobre a dengue e até encenações teatrais envolvendo esta problemática.
Acredito que através das escolas podemos chegar à casa de muita gente. Cada município faz suas campanhas, usando suas diversidades regionais, buscando soluções conjuntas, na união de saúde, educação, infraestrutura e sociedade para o combate a dengue, isso é muito importante.
(*) Pedro Hermann Madeiro é Presidente do COSEMS-AL (Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de Alagoas./i>
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