Jesualdo possui histórias fantásticas para contar, todas elas por serem interessantes, emprestam sorriso aos que as escutam.
Lembro bem quando éramos colegas na turma de alfabetização do Colégio Marista, certa vez a professora ao reclamar de sua caligrafia ouviu como resposta: -Não se preocupe tia, quando crescer quero ser médico.
Naquela mesma época, estávamos a brincar quando gritei que acabara de ver o seu cachorro engasgar e parecia estar morto. Jesualdo, enlouquecido, passou a ressuscitar o animal lhe aplicando respiração boca a boca, se labuzando todo com a gosma sugada do animal. Logo após, com um misto de alegria e nojo, notou que Snow, seu pet, estava apenas dormindo.
Recentemente, encontrei Jesualdo em uma farmácia adquirindo medicamentos, e facilmente verifiquei estarem seus braços cobertos por inúmeros esparadrapos redondinhos, daqueles usados em clínicas após coleta de sangue.
Questionado a respeito, falou que acometido de forte mal estar, compareceu à unidade básica de saúde do bairro, sendo atendido pela plantonista. Bastante debilitado, somente sentia as furadas em suas mãos e braços, sem que o objetivo fosse atingido.
Escutava quando a dama repetia: - Ou esse homem não tem sangue ou suas veias estão entupidas. Ao final da intervenção que deixou seus membros superiores parecidos com tábuas de pirulito, soube ser a profissional de saúde praticamente cega, e naquele dia, havia esquecido os óculos, estando a trabalhar com um emprestado de outra colega, detentora de alto grau de miopia.
O pior de tudo aconteceu, quando Jesualdo chegou à esse mesmo local trazendo seu genitor, com mais de noventa anos de idade, que ao caminhar no pátio da fazenda Angicos, havia sofrido uma marrada de bode fraturando três costelas.
Certo momento, Jesualdo chamou Ditão, o chefe dos enfermeiros, individuo grande como guarda roupa, informando que deixaria o local, solicitando cuidados com seu paizão, já acomodado em apartamento, onde teria melhor privacidade.
Ao retornar, o mais rápido que pode, escutou ainda de longe gritos escandalosos. Aproximando-se, encontrou seu pai deitado de bruços no chão do corredor, com a bata aberta, totalmente nu.
Ao contornar a situação, trazendo-o de volta aos aposentos, questionou o que havia acontecido. A resposta foi a seguinte:
- Meu filho!!! Assim que você saiu o Ditão, entrou aqui com três enfermeiras, enquanto ele me segurava, as funcionárias bisbilhotavam meus possuídos, uma delas sem roupas escanchou em minha virilha, tanto se mexendo quanto me lambendo. Consegui escapulir, pulei da cama no assoalho, e engatinhei até onde fui encontrado.
Dias depois o velhinho morreu, porém enquanto vivo esteve, nunca deixou de repetir: - Jesualdo, estou triste pois você não acredita em mim. Ditão e aquelas sirigaitas tentaram me estuprar.
HISTÓRIAS INTERESSANTES
CrônicasAlberto Rostand Lanverly - Presidente da Academia Alagoana de Letras 05/06/2022 - 22h 47min
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