DINHEIRO ABENÇOADO

Clerisvaldo B. Chagas

DINHEIRO ABENÇOADO
Clerisvaldo B, Chagas, 31 de agosto de 2011


A violência ainda não deixou de ser o principal tema de muitos jornais. Parece que a concorrência vai obrigando os senhores gerentes ao sopro no lixo. Tudo vira notícia para fechar a página do dia, sem nenhum cuidado ético com o que se publica e assim vão enchendo a cabeça ou o bucho do povo de porcaria. O que faz um jornal de nome colocar coisas tão pequenas, tão ínfimas, falando de um simples buraco, ou de lama, ou de uma trouxa de maconha que um soldado encontrou numa longínqua casa pobre de periferia. É muita gente besta que não tem a menor noção de um jornalismo sério, dando a notícia de que um cachorro mordeu o pedestre e não que o pedestre mordeu o cachorro. E com a imprensa assoberbada de tantas tolices, o resultado naturalmente reflete no medo das pessoas mais fracas saírem de casa. A violência está por todos os lugares, disso aí ninguém tem dúvidas. As leis que beneficiam os “coitadinhos”, continuam tão culpadas das coisas quanto os pobres “coitadinhos”. O que tem de gente sem querer trabalhar, vivendo somente para tomar o alheio, não tem cálculo que acerte nesse Brasil de meu Deus! A disseminação das drogas em todas as camadas sociais desgraçou completamente tudo. Mata-se por um tênis, por um relógio, por um real ou por nada, unicamente na base do mau instinto estimulado pela droga e pelas boazinhas leis.
Não sabemos, porém, como os jornalistas sérios estão se sentindo com essa ralé de notícias baratas sem nexo algum da profissão. E o povo vai ficando atolado até o pescoço de tanta coisa podre que pode provocar sérios danos à saúde. A onda negativa, a onda de baixa qualidade invasora dos lares, vai solapando como a própria droga e as leis que favorecem aos “bonitinhos”. Jovens e maduros vivem num clima de salve-se quem poder que vai lotando consultórios e hospitais em todos os lugares.
Vamos salvar a notícia de que dois homens armados invadiram a Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Pariconha; renderam o padre e levaram cerca de R$ 4 mil reais.
Foi lá em Pariconha que Lampião entrou certa vez, ainda no tempo do cangaceiro Antonio Porcino e fez grande bagaceira no, então, povoado. Quer dizer que agora Pariconha mantém a tradição de saco de pancadas de bandidos! Dizem que o padre e uma funcionária ficaram presos dentro de um quarto, enquanto os meliantes empreendiam fuga. Agora nem o alto Sertão escapa, nem mesmo a simpática e fértil Promissão. Na boca do revólver escora-se, doutor, empresário, mulher, transeunte e até o representante de Cristo dentro da própria casa do Senhor. Talvez esse tipo de assalto seja para também sair na mídia, do baixo ou do alto clero. E se alguém pergunta ao bandido por que levar o dinheiro da igreja, a resposta até parece feita: pelo menos é DINHEIRO ABENÇOADO.
• Acesse também o blog do autor: clerisvaldobchagas.blogspot.com






Comentários