Antonio Machado
Registram os compêndios do passado e os do presente confirmam que, o ser humano é o mais importante de todos os seres, escreveu o autor da Súmula Teológica, Sto. Tomás de Aquino que: “o ser humano é o que há de mais belo e importante em toda a natureza criada”, mesmo com todo esse privilegio e aparato por parte de seu Criador, e ainda o assemelhou a Ele, foi o ultimo a ser criado em todo o universo, haja vista, Deus carecer primeiro “arrumar a casa” para depois colocar o homem. Por que talvez este preâmbulo tão prolixo? Para dizer tão somente que o coqueiro Ouricurí, nasceu primeiro que o homem precisava adquirir conhecimento para viver nesse novo habitat.
Eis que surge o Ouricurí que tanta utilidade presta ao homem. É uma palmeira de pequeno porte de onde tudo se aproveita se não vejamos, dos frutos, cocos, tira-se o leite, quando triturados, o bagaço, faze-se doces de suave sabor “o doce-de-coco” nos interstícios do passado, os namorados chamavam a namorada de “meu doce-de-coco” das palhas, cobrem-se casas e ainda serve de alimento para o gado, mormente nas secas e ainda se faz vassouras, chapéus, bolsas, sendo muito usado no artesanato sertanejo, “olha a palha do coqueiro, quando vento dá, olha o balanço do navio nas ondas do mar” eram pequenas trovas trazidas nas vozes melancólicas dos escravos, vindos da África, cantadas com o coração, pejados de saudades de sua terra natal, e que se popularizaram Brasil afora. O tronco ou haste do ouricurizeiro em época de estiagens prolongadas no sertão corta-se em rolas ou pedaços, e bota-se ao sol para secar, procurando-se extrair um “bró” avermelhado e fibroso que serve de alimentação para as pessoas, faze-se excelentes comidas típicas da culinária sertaneja, usando-se o olho do ouricurí chamado de palmito, dessa planta nada se perde, tudo se aproveita, parodiando Lavousié que disse: “na terra nada se perde, tudo se transforma”.
O coqueiro ouricurís, adaptou-se em terras quentes e pedregosas do sertão achando o ambiente propicio e fértil para sua sobrevivência, resistente as secas bravias e os ventos impetuosos que empurram o sertanejo de sua terra para outras plagas, mas o coqueiro fica registrando a história de um passado distante. Conheço de perto a vida do ouricurí, ele ultrapassa a cem anos de vida, mesmo em terras secas e áridas, é um companheiro que não anda, mas é amigo do homem que conhece seus ciclos de vida, como o homem conheceu o seu.
Mesmo com toda serventia e utilidade para o homem, este lhe está dizimando sem dó nem piedade, é deveras lamentável, que o cidadão aclimatado na terra sertaneja, vivendo à sombra dos coqueirais que permeavam os sertões nordestinos, invista contra essa árvore de real valor, cortando-lhe, arrancando-lhe e ainda botando fogo, como a exterminar a espécie, em troca de tantas boas ações recebidas. Tudo isto é falta de conhecimento sobre o valor e a importância dessa palmeira sertaneja na vida do homem, carecendo, contudo que o IBAMA. Como órgão responsável pelo desmatamento desordenado notadamente no sertão do estado procure conscientizar o homem de que ele depende das árvores.
Preservemos, pois, as árvores, que elas preservam nossas vidas.
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