Hoje configurado como lei estadual, o programa Escola 10, lançado em 2017 pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), como uma proposta de articulação com os municípios para a melhoria da qualidade da Educação em Alagoas, ganha destaque nacional quando o assunto é evolução dos índices educacionais.
O diretor de Currículos e Educação Integral do Ministério da Educação (MEC) especialista em gestão pública, Raph Gomes Alves, um dos idealizadores do Programa Formar da Fundação Lemann, parceira da Educação em Alagoas, avalia positivamente a iniciativa alagoana.
“O Escola 10 surge em Alagoas como um programa estratégico, muito bem estruturado. Ele olha para resultados de avaliações, até para que as redes e as escolas consigam fazer um diagnóstico preciso das suas realidades. Nasce também com material de apoio e material didático, com o fortalecimento da gestão pedagógica da Secretaria e das escolas, por meio dos articuladores municipais e articuladores de ensino das escolas, e com uma metodologia de trabalho e mobilização de formação das pessoas, destes articuladores de ensino, para o fortalecimento da gestão pedagógica”, avalia o especialista.
Acertando o alvo
Olhando para os resultados dos municípios e as principais deficiências, o Escola 10 adotou como estratégias o acompanhamento pedagógico de todas as escolas públicas municipais e estaduais, por meio da realização da Prova Alagoas, com duas avaliações, fornecimento de material didático complementar, designação de cerca de três articuladores de ensino para atuar em todas as escolas e ainda formações para articuladores e secretários municipais de educação com grandes referências em educação do país.“É um programa que nasce olhando e atacando nos pontos que precisavam ser atacados, que é a baixa aprendizagem das crianças, a alta taxa de abandono e reprovação, e era pautado em evidência. Então ali tinha o diagnóstico para entender esses resultados, tinha o apoio para a construção do plano de ação para superar esses resultados, e tinha ali o material de apoio do professor e do aluno, para português e matemática, principalmente, por serem as disciplinas essenciais”, explica Raph, por ter acompanhado de perto todo o processo.
Parceria
Um dos pontos de destaque do programa Escola 10, na visão do diretor de currículos e educação integral do MEC, foi a a mobilização buscada desde o início entre os entes federativos em prol da qualidade do ensino.“Uma questão formidável foi a articulação. Você tinha toda uma rede desde o lançamento, onde o governador Renan Filho, junto com o então secretário Luciano Barbosa, a secretária Laura Souza e equipe fizeram uma chamada para os municípios para apresentação e adesão ao programa, que foi outro ponto importante: o trabalho colaborativo, mas sobretudo o respeito à autonomia dos municípios. Então, foi um programa oferecido aos que tivessem interesse e aderissem. Acho que começou muito certo, nada imposto. Foi algo apresentado, convencido”, declara Raph.
Outra ponto positivo e que contribuiu de forma essencial, segundo Raph Gomes, foi pensar o aluno de Alagoas e não o aluno da rede estadual ou municipal. “Tem um somatório de esforços pensando naquele estudante do Estado, independentemente da rede. É um jovem que está ali e tem direito de aprender, porque ele vai ser um adulto melhor se ele conseguir aprender. Vai ter uma perspectiva melhor de futuro e isso gera impacto para a sociedade, gera impacto para o social e economia local”, complementa.
Comemorando os resultados
Os 102 municípios alagoanos aderiram integralmente ao programa Escola 10 e hoje comemoram os resultados. Primeiro com a divulgação do resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o qual apontou Alagoas como o Estado que mais cresceu no país em proficiência em Língua Portuguesa e Matemática nos anos iniciais, e logo em seguida o Inep confirma Alagoas crescendo também no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), subindo de 6 a 11 posições no ranking nacional, superando metas estipuladas pelo MEC até 2021. O entrevistado também destacou esse avanço, associando-os ao programa.“Em relação ao impacto do Escola 10 e ao resultado do Ideb e proficiência, com certeza tudo isso favoreceu. Alagoas amargava as últimas posições por anos. A mesma coisa os municípios, e Alagoas conseguiu um feito inédito, onde grande parte dos municípios alagoanos bateram ou superaram a meta de Ideb para 2017. Isso tem sim que ser comemorado e é fruto do resultado de toda esta mobilização do Estado”, afirma o especialista do MEC.
Perspectivas
Em relação ao Escola 10 virar uma política de Estado com a aprovação da lei, Raph comemora a decisão e vislumbra mais avanços no futuro da educação em Alagoas.“É fantástico! Primeiro com a preocupação da perenidade, com a continuação. Ter essa notícia me enche de esperança. Você vê um programa que deu muito certo, com todos os resultados positivos de Alagoas, virar uma política de Estado, ser discutido na Assembleia Legislativa, ser aprovado. Então tem aí uma validação importante. Espero, agora enquanto política, que ela continue sendo implementada e aprimorada a cada ano. A melhor mensagem disso é perenidade e continuidade das ações. Não dá para fazer algo hoje, que deu resultado e parar no ano que vem, até porque os resultados precisam ser bem melhorados, ampliados”, finaliza Raph Gomes.
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