Subsalários, desgaste e violência foram pontos críticos abordados na pesquisa
O Conselho Regional de Enfermagem lançou na última quinta-feira (17) o resultado da pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que traçou o perfil da enfermagem no Brasil e em Alagoas. A solenidade aconteceu no auditório da Faculdade Seune e contou com a participação de mais de 300 profissionais de enfermagem.
O mais amplo levantamento sobre uma categoria profissional já realizado na América Latina é inédito e abrange um universo de mais de 1,8 milhão de profissionais. Para a coordenadora da pesquisa, Mirna Albuquerque, este é o momento para batalhar por melhores condições de trabalho para o profissional da enfermagem.
?Sabemos que o Brasil vive uma crise em todas as áreas, mas temos que lutar e buscar resultados positivos para a nossa profissão. Nós já sabíamos muito sobre essa realidade, porém eram dados empíricos e hoje temos dados reais. Esse trabalho só foi possível graças ao empenho dos profissionais em responder a pesquisa e agora contamos com o apoio deles para divulgar esses dados?, explicou Mirna Albuquerque.
A enfermagem em Alagoas é composta por um quadro de 19.023 profissionais, sendo 4.078 enfermeiros e 14.945 técnicos de enfermagem. O diagnóstico da profissão aponta concentração regional, tendência à masculinização e situações de desgaste profissional e subsalário.
Segundo a presidente do Coren, Zandra Candiotti, a boa vontade política pode mudar muito realidade desses profissionais. ?O subsalário faz com que os profissionais precisem ter vários empregos para poder ter uma renda digna. A pesquisa identificou profissionais que dormem apenas duas noites por mês em casa, então é natural o cansaço desse profissional. Além disso, mais de 65% dos nossos profissionais trabalham no setor público, então acredito na importância do empenho para a construção de políticas públicas para a categoria?, explicou.
A pesquisa foi encomendada pelo Cofen para determinar a realidade dos profissionais e subsidiar a construção de políticas públicas. ?Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Trata-se de uma categoria presente em todos os municípios, fortemente inserida no SUS e com atuação nos setores público, privado, filantrópico e de ensino?, comentou a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado.
Qual é o Perfil da Enfermagem em Alagoas?
A pesquisa foi realizada em todo o Estado de Alagoas, ouvindo auxiliares, técnicos e enfermeiros, com abrangência de mais de 19 mil profissionais. A enfermagem hoje em Alagoas é composta por um quadro de 78,7% de técnicos e auxiliares e 21,3% de enfermeiros.
Onde trabalham?
No quesito mercado de trabalho, 65,1% da equipe de enfermagem encontra-se no setor público; 24% no privado; 12,2% no filantrópico e 12,4% nas atividades de ensino.
Em Alagoas, 63,3% da equipe de enfermagem declaram desgaste.
Renda mensal
Considerando a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, constata-se que 5,2% de profissionais na equipe recebem menos de um salário-mínimo por mês. A pesquisa encontra um elevado percentual de pessoas (33,9%) que declararam ter renda total mensal de até R$ 1.000, ou seja, estão na condição de subsalário.
Dos profissionais da enfermagem, a maioria (58,8%) tem apenas uma atividade/trabalho.
Os quatro grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado, filantrópico e ensino) apresentam subsalários. O filantrópico (68,2%), o privado (43,5%), o público (25,6%) e o de ensino (8,2%) praticam salários com valores de até R$ 1.000.
Masculinização
A equipe de enfermagem em Alagoas é predominantemente feminina, sendo composta por 88,7% de mulheres. É importante ressaltar, no entanto, que mesmo tratando-se de uma categoria feminina, registra-se a presença de 10,7% dos homens.
Profissionais qualificados acima do exigido
O desejo de se qualificar é um anseio do profissional de enfermagem em Alagoas. Os trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, o que significa dizer que mais de 1/3, ou seja, 38,8% de todo o contingente, fizeram ou estão fazendo curso de graduação.
Desemprego aberto
A área já apresenta situação de desemprego aberto, com 8,9% dos profissionais entrevistados relatando situações de desemprego nos últimos 12 meses. Dificuldade de encontrar emprego foi relatada por 77,5% desses profissionais. Mais da metade da equipe de enfermagem (63,8%) se concentra na Capital.
Coren lança pesquisa com o perfil da enfermagem em Alagoas
GeralPor Mirela Costa - ASCOM COREN 17/07/2015 - 19h 08min Assessoria
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