É com muito pesar e indignação que contabilizamos mais uma morte causada por intolerância religiosa. Desta feita uma morte de uma criança recém nascida... uma morte que, digamos de passagem, poderia ter sido evitada não fosse a orientação religiosa dos pais da pequena criança que, infelizmente não teve o direto à vida resguardado, direito tomado de forma terrível por uma liderança que prega a intolerância, o preconceito e a desinformação bíblica deturpando palavras da Escritura no que era apenas um ?abster-se de sangue? dirigido aos gentios do primeiro século para um ?não aceitar transfusões de sangue? dirigido às Testemunhas de Jeová em pleno século 21.
Além de toda a dor e pesar causada à mãe, a religião ainda ameaça com desassociação (ostracismo social e religioso) àqueles que violarem o seu código de conduta de não aceitar transfusão de sangue, mesmo que para salvar uma vida, isto é, um ?bem indisponível? como diz a constituição federal.
A Promotoria informou que irá abrir procedimento judicial contra a avó, no sentido de criminalizá-la, quando a mandante do crime a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados não seria a que deve ser interpelada? A Promotoria precisa tomar conhecimento do que acontece nos bastidores dos salões do Reino quando uma Testemunha de Jeová se submete a uma transfusão sanguínea. Assim sendo, a ABRAVIPRE estará oficiando a Excelentíssima Senhora Antonia Lima Promotora de Justiça de Defesa da Infância e Juventude do (MPE)
Observem o principal conteúdo do ofício: ?Vossa Excelência, é revoltante, observar mais uma vida ceifada por uma doutrina criminosa, planejada e ensinada por uma religião que pisa em território laico. E mais revoltante ainda quando a Torre de Vigia falseia através de seu representante, em entrevista ao Jornal Diário do Nordeste por afirmar que, a mãe do bebê a avó não seriam testemunhas de Jeová e que elas poderiam ter aprendido espontaneamente o que leram na bíblia a respeito de transfusões sanguíneas. ?No mínimo, as duas, a mãe e avó eram assíduas freqüentadoras do Salão do Reino das Testemunhas de Jeová?, pois é de lá que se aprende a não aceitar transfusões sanguíneas. Quem decide não aceitar sangue comumente são pessoas pertencentes aos quadros da Religião Testemunhas de Jeová, de fato, e de direito. *
\"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar\". Nelson Mandela
Excelentíssima Senhora Procuradora, os elevados graus de intolerância religiosa e punições por questões de transfusões sanguíneas, nos remetem a idade média quando milhares de vidas foram ceifadas pelas cruzadas feitas em nome de Deus e por meio da santa inquisição. Não por coincidência, o governo brasileiro institucionalizou o dia 21 de Janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
Retornando a questão em tela, não seria justo a punição de uma pessoa que, por natureza é refém de uma ideologia religiosa, extremamente - fundamentalista. Quem deveria responder judicialmente por mais este crime e tantos outros, reitero, são os mandatários - a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
A ABRAVIPRE fará o que tiver ao seu alcance para que tal proceder discriminatório seja abolido da nossa sociedade, para que cada vez mais pessoas saibam o perigo que correm seus filhos e que estes mesmos pais possam ter a tranquilidade garantida por lei de decidir ?salvar? seus filhos em casos como o relatado, sem a opressão e a influência de ninguém, a não ser por meio de suas próprias consciências.
Nossas expressões se somam a de milhares que não concordam com esta pratica discriminatória e uma cultura de morte. Assim sendo, por gentileza, gostaria de falar com Vossa Excelência no sentido de proporcionar maiores informações sobre o tema. Por vivermos debaixo de uma República laica, eis o tempo de não mais se aceitar vidas ceifadas por pressupostos religiosos.?
* Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=372711
Atenciosamente
Sebastião Ramos de Oliveira
Presidente da ABRAVIPRE ? Associação Brasileira de Apoio a Vítimas de Preconceito Religioso
ABRAVIPRE intervém sobe morte de bebê junto a Promotoria
Religiãopor Sebastião Ramos de Oliveira 26/12/2013 - 14h 55min ABRAVIPRE
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