Desde a hora que saíste
Na minha casa mora ninguém
Comigo
Nem eu que nela persisto
A espera dos nadas
E a pronunciar silêncios
A hera lembra outras eras
E o sol é puro solstício
Não permito a entrada da brisa
Nem da libélula
Ponho pregos nas janelas
E mantenho cerradas
Todas as portas
Do antigo Paraíso
Já não me interessam as nuvens
Nem os flamboyants da rua
Nem o vendedor de pirulitos
Que tanto amavas
O mundo está pálido
E meu interior sombrio
Eu contei cada letra
Da tua inesperada fala
Cada uma a arranhar-me a alma
Tu contaste as sílabas do silêncio
Com que te respondia
A minha alma
Diz Rilke que a solidão é boa
Vou convida-la...
ELEGIA DA INÚTIL MORADA
PoemasPoema de José Geraldo Marques 23/03/2025 - 20h 04min

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