Correr no asfalto sempre foi o meu hobby predileto, pois o vento no rosto, o compasso ritmado dos passos, e a cadencia da respiração, criam sinfonia perfeita entre meu corpo e mente.
E dessa vez lá ia eu cumprindo percurso no sentido da Barra de São Miguel, pensando na vida, lembrei de olhares que para mim dizem mais do que mil palavras, pois em silêncio, carregam mensagens que a voz, por vezes, não consegue expressar. Foi nesse instante, que de repente dois cachorros, começaram a me acompanhar, latindo cada vez mais ameaçadores.
Após alguns percalços desvencilhando-me das feras segui adiante, sem contudo, deixar de neles pensar, então passei a compará-los a determinadas categorias de indivíduos, justo aqueles que na surdina, fomentam atitudes mesquinhas em relação a seus semelhantes.
O canino, diante até da simples passagem de outro animal na rua, fazem de seu rosnar manifestação estrondosa, alerta ao mundo sobre a invasão de seu território, sendo transparente em sua intenção, explícito em sua reação. Nada escondem. Os seres humanos, por outro lado, muitas vezes se fazem de borboleta mas na verdade nunca deixaram de ser lagarta.
Enquanto os cães anunciam sua presença com uivos, categorias de pessoas preferem sussurrar nos bastidores, agir nas sombras, esconder pensamentos e planos sob máscaras bem elaboradas.
Convenço-me que o cachorro ao latir, age por instinto, defende, avisa, expõe, já o homem, muitas vezes, sorri enquanto oculta sua verdadeira natureza. Em algumas situações chego a imaginar quem seria o mais sincero? O que faz barulho diante do que vê ou aquele que silencia para melhor esconder?
Certo é que na pressa do mundo, muitos esquecem de ouvir os olhos, mas quem aprende a decifrá-los percebe que, em um simples cruzar de olhares, cabe um universo inteiro. Afinal, as palavras podem mentir, mas os olhos, esses dificilmente enganam
A IMPORTÂNCIA DE OUVIR COM OS OLHOS
CrônicasPor Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras 09/03/2025 - 23h 38min

Comentários