NADA ACONTECE POR ACASO

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Recentemente durante férias mundo afora, percorria lugares há muito tempo sonhava conhecer, até que pane inesperado no motor do automóvel alugado, me ofereceu a oportunidade de vivenciar experiência única.

Recordo que ao sair do veículo, para decidir o que fazer, a visão se expandiu além do asfalto, alcançando paisagem ao redor, ricocheteando em colinas ondulantes que, sob a luz suave da manhã, se revelava verdadeiro quadro natural de serenidade.

E parado, escutando o cantar dos pássaros, rapidamente entendi ser tal contratempo, revelador de oportunidades com as quais não contava, por desnudarem situações interessantes, convertidas em chances para desacelerar, e observar o encantamento das coisas.

Deitado na relva, sentindo a suavidade do capim sob o corpo, colchão que acolhia meus pensamentos, ainda aguardando o apoio mecânico chamado, imaginei ser a vegetação que emoldurava as redondezas, fruto da inspiração de artista imaginário que concebeu o cenário com cores e texturas, transformando-o em obra de arte viva, desnudando árvores majestosas, com copas frondosas, oferecendo sombra e abrigo, enquanto suas folhas sussurravam segredos ao vento, formando linhas e curvas que me guiavam o olhar, destacando montanhas ao longe ou suavizando a transição entre o solo e o céu, tudo isso em ambiente imortalizado no filme “Noviça Rebelde”.

Assim, a graça daquele local não apenas se estabelecia, mas também era enriquecida com a presença vibrante e essencial de pequenos animais, cujas estripulias, pareciam convidar a pausar e contemplar a interdependência entre todas as formas de vida, lembrando a grandeza desse vasto e belo quadro natural.

Depois de algum tempo, encantado com o que vivenciava, surgiu o socorro esperado, foi quando entendi, que tal momento de pausa forçada, se transformou para mim em lembrete, ser a vida cheia de surpresas, e que até mesmo os imprevistos, têm seus propósitos. Uma pane no carro, ao contrário de ser encarado como tempo perdido, tornou-se na verdade, bênção disfarçada, oportunidade de parar e ver a beleza do mundo com novos olhos, reafirmando a crença de que nada acontece por acaso.

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