LUIZ DOS ANJOS

Crônicas

Por Luiz Antônio de Farias, Capiá

O cidadão Luiz dos Anjos reunia todas as condições para representar a figura de um verdadeiro “coronel” do sertão de Alagoas. Era rico, austero, de dignidade ímpar, sisudo, de pouca conversa e de uma respeitabilidade fora do comum. Entretanto, ele resolveu trilhar pelo ramo do comércio onde se tornou um dos empresários mais bem-sucedidos de nossa região, da sua época. Oriundo de família tradicional do município de Pão de Açúcar, “seu” Luiz fez sua história empresarial na cidade de Olho D’água das Flores. Embora não houvesse muita aproximação entre nós, nas vezes em que tive a oportunidade de me encontrar com ele havia um cumprimento formal, onde eu percebia que ele sabia da minha origem, porque costumeiramente pedia notícias do meu pai, Zeca Ricardo.

Casado com dona Ismênia, filha da importante família Gregório de Olho D’Água, formou com ela – como não poderia ser diferente – uma descendência familiar da mais alta estirpe. Na minha adolescência tive uma aproximação mais amiúde, com seu filho Geraldo, quando fomos colegas de estudo em Santana do Ipanema, o qual se tornou engenheiro civil, salvo o engano. Conheci o Paulo, de saudosa memória, também engenheiro civil, na época em que ele administrou o Supermercado Ouro Branco, em Santana do Ipanema. O outro filho, Humberto, proprietário do referido supermercado, foi prefeito do município de Olho D’Água das Flores por alguns mandatos.

Atualmente, privo da amizade do Carlos André, filho do Humberto, que a exemplo do pai, também foi prefeito do olhodaguense, por dois mandatos consecutivos e está exercendo, no momento, as funções de presidente do Instituto de Terras de Alagoas- ITERAL.

Mas voltando ao assunto sobre nosso focalizado, contou-me meu primo Zé Reni, que ele contratou um motorista para conduzir seu veículo nas viagens de negócios. Ao contrário do patrão, o chofer apreciava uma boa conversa. Durante uma viagem, depois de um longo tempo na estrada, ele perdeu a paciência com o silêncio de “seu” Luiz e, passando por um canavial extenso, ao longo da rodovia, resolveu puxar um “pé de conversa”, para quebrar a monotonia:

– que canavial bonito, não é “seu” Luiz?

O patrão deu uma olhada de soslaio e arrematou com a costumeira severidade:

- deixe de conversa rapaz. Cuide no seu serviço.

Santana do Ipanema, julho/2014

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