ASSEDIO DE TRÊS FIGURAS FEMININAS

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Recordo da época em que nos campos de futebol, onde atuava como goleiro, jogava até com o dedo quebrado enrolado por faixas, ou mesmo o corpo marcado por machucados, sem permitir que a dor interferisse na minha determinação de vencer.

Tempos depois, dediquei-me as corridas de rua em cidades mundo afora, uma experiencia repleta de alegria e satisfação, por sempre conhecer novas paisagens, permitindo-me explorar culturas diversas, além de conviver com a energia da multidão, camaradagem com outros atletas e superação de desafios físicos e mentais, enchendo-me de felicidade duradoura e senso de realização, tempo em que contusões nunca me atormentavam.

Recentemente, já quando Deus começou a pintar meus cabelos de branco, apesar de praticar exercícios físicos com habitual frequência, e manter o organismo sob controle com a ajuda de profissionais especializados, as dores parecem ter se apaixonado por mim.

E tudo aconteceu faz dois anos, quando fui, logo eu casado há mais de quatro décadas, de modo violento e covarde assediado, no mesmo dia, por três populares personagens femininas, segundo recordo, em um beco escuro por onde passava inocentemente, onde juntas me pegaram de tal jeito chegando a sugar-me o sangue, tendo que ser hospitalizado, desidratado que fiquei.

Desde então tudo parece uma saga interminável, pois elas, cada uma com seu charme, todos devastadores, teimam em não largar meu pescoço, pois seus reflexos de vez em quando retornam, relembrando-me daquele fatídico episódio.

Essas nem um pouco ternas figuras, popularmente conhecidas por Zica, Dengue e Chikungunya, verdadeira tríade sombria e ameaçadora para seus clientes cativos, vem insistindo em me acompanhar, e portanto exigindo vigilância constante e uma resistência que, muitas vezes, parece difícil manter, contudo conseguiram reeducar minha percepção da saúde e bem-estar, tornando evidente a necessidade do combate continuo de suas influências, principalmente através da pratica do esporte.

Foi assim que o ditado "se não podemos exterminar os inimigos, devemos a ele nos aliar", me ensinou a mudar a abordagem em relação à dor, promovendo uma convivência mais pacífica e construtiva. Ao invés de lutar contra algo inevitável, aos poucos fui aprendendo a integrá-lo à minha vida de forma positiva, transformando a adversidade em uma oportunidade de crescimento e até felicidade.

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