RECORDAR É REVIVER TUDO O QUE FOI BOM OUTRA VEZ

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Alô, aqui é a telefonista da Embratel, em que posso ajudá-lo?
- Gostaria de realizar ligação a cobrar para o Brasil, cidade de Maceió!
- Ok! Seu pedido será possivelmente completado em até quatro horas, esteja próximo ao telefone que lhe conectaremos com o número disponibilizado.

Em Los Angeles, aos dezesseis anos de idade onde estudava, enquanto aguardava para falar com familiares, sentado em mesa bem ao lado do aparelho telefônico com fio, lembro bem que usando lápis e papel almaço sem pauta, escrevi cartas, para parentes e amigos.

Logo após usando uma olivetti lettera 22 elétrica, com fita corretiva, preparei tarefa para o La Serna High Scholl, vestindo calça boca de sino, sapato cavalo de aço, camisa banlon, tomei café adoçado com suíta e ainda tive tempo de ouvir o jogo do New York Cosmos de Pelé, tendo o rádio portátil colado ao ouvido.

Se por acaso, você não entendeu o teor dos parágrafos anteriores é porque não viveu as maravilhas dos anos setenta.

No que diz respeito à chamada internacional que tentara realizar e permanecera toda a tarde aguardando, não foi completada.

Duas semanas depois, consegui ouvir a voz dos meus genitores, através da bondade de um rádio amador, morador do bairro onde residia, não sem antes ter lhes enviado telegrama dando notícias.

Os tempos passaram e o progresso chegou a galope.

Recentemente, atentei para explicita irritação de certa criança, por seu celular não estar acessando serviços de streaming, tais como as plataformas youtube e Disney.

Naquele instante revivi fragmentos preciosos que moldaram a tapeçaria de minha história de vida, recordando as emoções tidas ao ser presenteado com toca fitas, fita cassete, CDs e walk man, oferecendo-me maneira prática e portátil, para desfrutar de boas músicas.

Tais lembranças gostosas e marcantes como luz de flash, iluminaram-me o cérebro, trazendo a lume eventos acontecidos em tempos passados, transformados em memórias registradas como imagens mentais, associadas a objetos inesquecíveis:

A radiola, mais que um aparelho musical, obra-prima da tecnologia de então, capaz de gerar som rico e autêntico, animando festas nas garagens em casas de amigos, das quais muito participei.

O disco de vinil, com sua superfície negra, girando sob agulha posicionada em sulcos neles existentes, traduzindo vibrações de melodias memoráveis.

E tantos outros itens então populares: A lista telefônica, cujo ato de folhear suas páginas em busca de contato de alguém era elemento especial, enquanto o acendedor magiclick, fiel escudeiro de minha genitora em sua cozinha, surgia como rápida solução para iniciar o fogo, substituindo com maestria os fósforos.

A máquina de datilografia e o escovão, a primeira verdadeiro instrumento de escrita, enquanto o segundo também conhecido como enceradeira manual, representava ferramenta para quem se aventurava, na era da cera em pasta, a lustrar o chão de madeira.

A cama com estrado de mola, considerada o ápice do conforto e luxo, sinônimo de boa noite de sono.

Quanta alegria quando presenteei minhas filhas com o Atari, pioneiro na era dos jogos eletrônicos, como o Pac-man.

Sinto-me feliz, pois ao contrário da atual geração Iphone, vivi a transição desde as enciclopédias Barsa e consultas instantâneas no google, transcendendo de páginas estáticas, para o vasto mundo de informações dinâmicas ao alcance das pontas dos dedos.

Por tais motivos, convenço-me que recordar é reviver tudo o que foi bom outra vez

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