Fui ao Bairro Domingos Acácio – o herói da Guerra do Paraguai – e fiz questão de dá uma espiadinha no antigo Poço dos Homens. Poço do rio Ipanema, imortalizado pelos meus escritos, especialmente no livro RG de Santana “Ipanema, Um Rio Macho”. A ponte General Batista Tubino, construída em 1969, foi o golpe final no poço da minha infância e dos meus antepassados. Todos os jovens e adultos da minha terra tomaram banho do Poço dos Homens, inclusive, até o, então, futuro governador Geraldo Bulhões. Poço dos Homens foi a página mais saudosa que escrevi na vida e que está registrada no livro acima. Mas quando espiei de cima da ponte, por estes dias, vi o mato aquático por cima do aterramento natural e do abandono. Doeu fundo ao vê a maior fonte de lazer de outrora da minha terra naquela ridícula e humilhante situação. Nem sequer, por cima das suas pedras grandes e lisas, um monumento de ferro ao banhista, como daqueles que o artesão Roninho Ribeiro sabe fazer.
Vem à memória o comerciante Júlio Silva e seu dente de ouro, o único homem que vi tomando banho de sabonete no Poço; Seu Alberto Agra, dando lição ao negro Zé Lima dizendo que o nome do que ele estava imitando na água não era microscópio e sim, periscópio; a adolescente Nicinha, nadando igual à piaba e seu irmão Gorila, dando sucessivas sapatadas na superfície, sem mostrar o rosto imerso. Os maldosos passando “tamiarana” nas costas dos companheiros. Toinho Baterista, pescando mandim; O alfaiate Seu Quinca, sem dá sorte de pesca para ninguém; As andorinhas revoando e molhando o peito nas águas, e indo à pousada na torre da Igreja; e o maior cantor da minha terra Cícero de Mariquinha mexendo na alma da gente cantando em dia frio e nublado, músicas de Cauby Peixoto:
Deu para entender agora o que senti ao olhar da Ponte General Batista Tubino, o poço sepultado a cerca de 20 metros da ponte, rio abaixo? Não tiveram piedade em deixarem pelo menos uma cruz, onde jaz o Poço dos Homens, isto é, um monumento, por mais simples que fosse! Acho que irei fazer uma campanha para tal fim, mas nem sei por onde e nem com quem contar.
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