OS CARNAVAIS DOS ANOS 60

Crônicas

Por Clerisvaldo B. Chagas

QG da Folia - 1969

No sábado saía o Zé Pereira. E nos três dias seguintes, o procedimento era praticamente igual. Pela manhã, desfilavam blocos nas ruas e avenidas. Uns mais famosos, outros não. Esses blocos compostos de somente homens, somente mulheres e raramente mistos seguiam nas ruas até aproximadamente uma hora da tarde. Entravam na casa de políticos e de outras pessoas influentes onde bebiam e comiam. Sempre puxados por um pequeno grupo musical com sanfona, violão, pandeiro e coisas assim. À tarde, lá para as quatro horas, havia frevo no comércio com pessoas da mesma orquestra que tocariam à noite no clube. Nesse frevo pulavam adolescentes, adultos e até crianças e tinha uma duração aproximada de duas horas. Enquanto isso, outras pessoas faziam o corso, isto é, passeavam em jipes e outros carros pelas ruas. Havia frevo à tarde também no Tênis Clube Santanense.

À noite, Carnaval era no Tênis Clube Santanense e na Sede dos Artistas.

O bloco tradicional e o mais aguardado era o do Urso Preto, porém, outros blocos também atraiam foliões como o dos Cangaceiros, fundado pelo saudoso Luís Fumeiro. Os caretas andavam em bando, arrulhando, estalando relho com ponteira, dando carreira em menino. Ainda alcançamos blocos antigos da era de vinte que se perpetuavam como “As Negras da Costa”. Homens pintados de preto de carvão, vestidos de baianas... Como o conhecido Zé Urbano e Filemon e o bloco do “Bacalhau”, com o deputado Siloé Tavares. Quanto a foliões individuais, havia o ex-prefeito, comerciante e fazendeiro Firmino Falcão Filho, o Seu Nozinho, que, com apenas uma máscara, perambulava sozinho, rua acima rua abaixo; e o professor Reginaldo, seu sobrinho, que inventava uma porção de presepadas.

Tem várias histórias humorísticas dentro dos carnavais de Santana Anos 60, como a dor de barriga do Urso Preto e outra em que um cabra ameaçou estuprar o Urso. Muitos homens conhecidos como sérios, caiam na folia que só um adolescente.

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