O relógio sempre lento,
Sempre lerdo, sempre perto.
Oração aos meus pais
Lu e o maestro José Ricardo.
Vi o Diário e li Santa Catarina.
A florista do filme de Carlitos
Jovem e simpática.
Vi o sapateiro da esquina
Fechar a caixa de trabalho.
Os pés rápidos nas calçadas.
Só os ponteiros do relógio
No infinito se emperraram.
As luzes se acenderam.
As luzes se apagaram.
Na colmeia a abelha
Tecia o seu salário.
Só do olho do mosquito
Se enxerga o infinito,
Com as coisas mais
Dessas imprestáveis do universo
Se constroem satélites e anos-luz.
Esperei um ano-luz de relógio.
Esperei você
No lugar marcado.
Tomei a Consolação
Fui-me embora no Rosário.
MARIA DO SOCORRO FARIAS RICARDO
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