FUI MENINO EM SANTANA DO IPANEMA

Crônicas

Remi Bastos Silva

Fui menino, ouvi o canto dos pássaros nas copas do Ipês amarelos; me banhei e pesquei nas águas salobras do Rio Ipanema, nas manhãs primaveris; ouvi o canto do Juriti nas almofadas das Juremas, pertinho da minha casa.

Vi o amigo Benedito Soares caçar rolinhas com peteca na Camoxinga dos Teodósio, e matar apenas caga-sebo, tonta e vim-vim; me assustava com o Fogo-corredor ou Fogo-fátuo, varrendo a Serra da Camonga, e com o canto das Rasgas-mortalhas na torre da Igrejinha.

Assisti aos seriados de Fumanchu, Mala, a Deusa de Joba e os filmes de Rock Lane, Roy Rogeris e Zorro, no Cine Glória; levei choque com o amigo Benedito Soares nos fios caídos ao chão, da Empresa de Luz & Força onde o velho Agenor operava.

Assisti às cheias do Panema e do Riacho Camoxinga, em 1960, e vi o Bloco do Zé Pereira sair às ruas de Santana na semana que antecedia o carnaval.

Tudo isso eu vi e vivi sob os ares que respirei na minha infância e adolescência.

Hoje, com os anos tecendo em meus cabelos o prateado das primaveras que ficaram para trás, vejo através desta foto a experiência que comove e me faz dizer, que fui mais feliz ao lado dos meus velhos e queridos pais.

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