Escolheste morrer dentro de mim
E do meu corpo fiz tua sepultura
Desde então
Quando é plenilúnio enlouqueço
E pelos campos corro e uivo feito lobo
Meu pensamento vira um alagadiço
Onde eu afogo o insistente fogo
Das lembranças densas do passado
E corro mais e mais eu corro
Ensandecido e endiabrado
A pedir a quem não tem socorro
E a escutar dentro de mim teus ossos
Pois morta estás
Disso podes ter certeza
Enquanto vivo eu for
Tu morrerás e jazeras
Dentro de mim
Sepultada e indigesta
A escolha foi tua
Eu não passei do escolhido
Cumpramos então nosso des(a)tino:
Um dia morrerei de fazer versos
Que em vez de flores
Cobrirão nossa mútua noite escura
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