OLHO D’ÁGUA DO AMARO

Contos

Clerisvaldo B. Chagas

SERTÃO DO OLHO D’ÁGUA DO AMARO (FOTO B. CHAGAS).

Um dos antigos fundadores de Santana, que havia ganho sesmaria na Ribeira do Panema, ficou com uma extensão de terras que ia desde a serra do Caracol, até o Riacho Grande. A serra do Caracol fica logo após o atual povoado São Félix (antiga Quixabeira Amargosa) e, Riacho Grande é hoje o município de Senador Rui Palmeira. Tempos depois, saiu dividindo essas terras adquiridas, entre filhos e filhas, à medida que iam casando. isso resultou em imensas áreas de terras como o lugar rural Olho d’Água do Amaro. Ali, em tempo de seca, foi descoberta uma fonte d’água e um negro escravo fugido, perto da fonte na caatinga bruta. Como a fonte d’água descoberta nuca secou e conseguiu chegar até os nossos dias, estivemos no lugar pesquisando vestígios históricos para o livro “Negros em Santana”. E como o negro encontrado tinha o nome de Amaro, assim ficou a denominação do lugar: Olho d’Água do Amaro.

Na planura com ondulações da caatinga, fomos atravessando o Campo de Aviação, várzeas, fazendas, chácaras e pontos de encontros de vaqueiros e visitantes da cidade em bar de beira de estrada, até chegarmos ao núcleo do sítio procurado. Ali já havia uma igreja e um estabelecimento de ensino, o que caracterizava um grande espaço nos arredores como o centro da vizinhança. Através de informações, chegamos até a fonte tricentenária que havia ganho uma proteção redonda de cimento. Uma mangueira que ainda estava na boca da estrutura mostrava que de fato a fonte ou olho d’água continuava na ativa.

Fotografamos a fonte, indagamos a moradores e retornamos da zona rural, pronto para complementarmos o livro que serviria de TCC para o Curso de pós-graduação em Geo-História. Ficou assim comprovada a existência da fonte originária do sítio Olho d’Água do Amaro. Mas não encontramos retrato e nem sequer desenho a carvão do nosso herói doméstico Amaro, gente do grande Zumbi dos Palmares, o famoso líder da serra da Barriga.

Um amigo de computador e programas poderosos, mostra-me num mapeamento de Santana, inúmeros olhos d’água inativos, mas não se tem notícia de nenhuma dessas fontes com trabalho público de recuperação.

No peneplano de Olho d’Água do Amaro, fomos encontrar ainda em todas as suas regiões, fazendas típicas de criatórios bovino e ovino porteiras e casas tradicionais dos tempos das ocupações de terras devolutas.

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