Coberta apenas de sol
Há um corpo-mulher
Na praia da Ponta Verde
Veio no mar flutuando
E todo mundo foi ver
Sem querer acreditar
É uma sereia calada - diziam uns
A outros que o confirmavam
Poderia até ser
Pensou o poeta em poema
Inscrito na areia da praia
Mas não era
Entre pernas bem se via
A concha que a adornava
Triste fora a sua sina:
Tomada pela mão
Do destino foi a menina
Levada ao alto mar
Em busca de solução
Para a dupla solidão
Que o seu peito apertava
Quem sabe a solidão marinha
Não fosse melhor do que a minha?
Pensou compondo um poema
Escrito com as suas lágrimas
E entre estrelas do mar,
Corais, cavalos marinhos,
Caracóis, ouriços, sargaços
Deixou-se afogar
As mesmas águas que a levaram
Trouxeram-na para mostrar
Vestida apenas de sol
Salgada, sacrificada
E definitivamente só
E estando agora sozinha
Quando já não precisava
É que a compaixão encontrava
Nas solidões dos que viam
BALADA DA MOÇA VESTIDA DE SOL
PoesiasPor José Geraldo Wanderley Marques 18/04/2023 - 02h 08min
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