AOS 19 DE MARÇO

Poesias

M. RICARDO-ALMEIDA

Imagem de São José - Paróquia Senhora Sant´Ana

Hoje, 19 de março,
no mundo imenso e vazio,
as cabeças atingem nuvens, os pés a caminho.
Tudo é iluminado na tela modernista,
na vasta imensidão de palavras,
desde Santana do Ipanema mundo afora.
Em toda parte Santana se acha
nesse largo oceano intenso, azul,
em semeadas ilhas tropicais,
rumo aos mares do Sul.
Erguem-se os mundos aos gritos:
Salve, salve aos 19 de março,
em Santana a memória, o abraço.

Testemunham no céu os astros,
a casa dos discos-voadores,
navegando nos mistérios do espaço.
Salve, salve aos 19 de março
em Santana a memória, o abraço.
No horizonte, o clarão do iluminismo
nos efusivos diálogos,
em festa feito um parque,
em fogos no mês do teatro,
as vozes entoam:
Salve, salve aos 19 de março.

Na memória cantam-se vivas,
comemora-se essa data;
na folhinha, o calendário se destaca
onde o vento agita e passa,
passam décadas viajando
e, por vir a festa, o porvir é breve
mesmo longe, próximo, passa logo
no ritmo dos passos.
No voo das folhas nas árvores,
o voo das palavras nos livros,
pulsantes linhas, versos, rimas
no clarão da manhã aos 19 de março.

É correto afirmar que muitos livros,
espécies de clarões que não se apagam;
quem planta um livro, quem acende a luz,
é o primeiro a ser beneficiado:
o agricultor, o primeiro a ser iluminado.
Algumas crianças descobrem a existência dos livros
em A Cachoeira de Paulo Afonso,
outras em Grande Sertão: Veredas,
ou ainda em Vidas Secas,
ou quem sabe em João Urso,
ou em Infância. Infância de cada um
cheia de surpresas.
Viva o mundo de nossa senhora,
viva o mundo de nosso senhor,
vivas festas, foguetórios,
vivas festas da padroeira,
viva Senhora Santana abençoada.

Aurora acorda a cidade
na serra, no Alto do Cruzeiro.
Distante as cores
nas amplidões dos oceanos
iluminados pelos falares estranhos
onde as vozes se levantam
com vivas aos 19 de março,
na plantação de feijão;
os arados nas terras altas,
pedrenta terra semiárida
sob a luz do novo Sol.
Vamos, irmão, vamos indo
reconstruir o lugar. A voz se eleva,
o dia coberto de luz
canta hinos nas procissões:
Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo,
louvado seja nossa Senhora.

Nas Areias Brancas as palmeiras
anunciam aos ouricuris. Vamos,
irmãos, vamos indo refazer o lugar;
a liberdade faz o caminho,
a batalha é divina entre titãs
desde os povos Funi-Ô. Vamos indo,
liberdade, o dia é de sol na estrada,
no campo de futebola. Viva o porvir
nascente nos olhos do povo,
viva as festas da padroeira,
viva Senhora Santana,
a luz e as cores acordam a escuridão.
As pirâmides nos esperam, irmão,
vamos indo agora.

M. RICARDO-ALMEIDA

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