. crônica extraída do livro O ASSASSINATO DE ZUMBI: O SADISMO DE UM CRIME
[…] Aqui, peco licença para desviar-me um pouco do assunto e falar sobre a diferença que existe entre amor e paixão e o que deve ter acontecido entre Zumbi e sua “raptada”: o amor exige olhares dengosos, vegetarianos e cumprimentos formais; a paixão, ardentes beijos, olhares carnívoros e penetrantes. No amor, os corpos estão na vertical, retilíneos; na paixão, encontram-se, impreterivelmente, na horizontal, sendo um côncavo e outro convexo. No amor, o diálogo se prolonga e é quase interminável, tornando-se muitas vezes, monótono; na paixão, ele é curto, curtíssimo e muito cedo tem início a ação. O amor é um sentimento, uma superfície lisa, não se diz, se vive; a paixão você sente e pratica, é um exercício físico, procura qualquer espaço, reentrância. No amor os corpos são perfumados, bem vestidos e frios; na paixão são suados, quentes e completamente nus. O amor é urbano, feito em motéis com luzes multicoloridas, cascatas artificiais e lençóis de seda; a paixão é rural, iluminada pela luz do sol, da lua, das estrelas e pratica-se em qualquer lugar, quanto mais primitivo melhor. No amor os corpos apenas tocam-se; na paixão, um está dentro do outro. O amor exige carícias, delicados beijos, promessas jamais cumpridas; a paixão, beijos ardentes e violentos, mordidas e arranhões. O amor é racional, humano, ético; a paixão é instintiva, animalesca, é um processo licantrópico, draconiano, onde se tem como cama o capim seco dos campos, o solo da estrada, como luminárias o brilho da lua e das estrelas, como cobertor o calor que emana de nossos corpos ou de outros animais e como banheiro uma bica de bambu, um poço de águas mornas ou uma cascata de águas cristalinas. No amor o gozo é silencioso, formal educado; na paixão quando se goza se urra, se berra, se uiva como um animal e depois se desfalece. No amor, como prelúdio, costuma-se ouvir músicas sofisticadas e ver imagens pornográficas; na paixão o que se escuta é o som da natureza, ou seja, o canto dos grilos e das cobras, o croacar dos sapos, o pio das corujas, o vôo de um bacurau,o latido de um vira-lata, a luz de um vaga-lume, o relinchar de um cavalo, o mugir de um boi e o belíssimo som de uma cachoeira. No amor, beija-se delicadamente a boca e as mãos; na paixão, lambe-se todo o corpo. No amor os orgasmos são artificiais e depois do ato costuma-se dizer: "foi ótimo amor",ou “gostou querida (o)”?“Sim, gostei muito benzinho" e tem início um papo, no mínimo,imbecil; na paixão, as gozadas são tão fortes que nos tiram todas as forcas, ficamos semimortos e adormecemos em cima da fêmea, também totalmente semimorta. Quando recobramos as forcas e tomamos folego,beijamos a parte superior de sua vagina, passamos a língua no seu umbigo e ouvido,mordemos delicadamente seus seios e lábios e dizemos: como você é gostosa l No amor há pactos, limites,imposições,exigências; na paixão, tudo é libidinoso, possui segundas intenções, sem que seja necessário nenhum compromisso. A História registra: há paixões que destrói um Império, como a de Paris por Helena; há outras que causam uma completa revolução, como a de Akhenaton por Nefertite; há paixões em que se manda matar o marido da bem-amada,como a do rei Davi por Betsabéia; há outras em que a mulher gosta tanto do marido que chega a causar inveja aos deuses, com a de Penélope por Ulisses; há paixões que causam a morte dos escolhidos da Divindade,como a de Sansão por Dalila; há outras que só se concretizam na eternidade, como a de Romeu por Julieta; há paixões em que o imperdoável é perdoado,como a de Ximena por El Cid (Rodrigo Diaz de Bivar); há outras em que usamos todos os truques possíveis para possuirmos quem desejamos, como a de Salomão pela Rainha de Sabá; há paixões em que a maior prova de amor é dada pela renúncia ou morte, como a de Tristão por Isolda; há outras que somos desterrados da espiritualidade, isto é, morremos para o mundo e a bem-amada é morta, como a de Lancelot por Guinivere. Ah! Que diferença existe entre o amor e a paixão! Benditos e felizes sejam os apaixonados l É a paixão que move o mundo Ela é a causa de tudo l Sem paixão não há nada,pois nada tem sentido.
O homem ou a mulher que, ainda, durante o dia não espantou os animais ou quebrou o silêncio quase sepulcral de uma belíssima noite enluarada devido aos fortes gritos causados pelo gozo de uma faraônica transada ou fenomenal chupada no lageado de uma pequena cascata ou nas margens de um pequeno e manso poco rodeado de bambus, não tem a menor ideia do extremo prazer que se sente e de como tudo se comporta de maneira diferente. Se Zumbi escolheu, por inúmeras vezes, praticar a última opção, ou seja, chupar a vagina pequena e apertada de uma cabocla fogosa, de coxas grossas, seios fartos, nádegas duras e bem localizadas, preferiu fazê-lo com ela em pé, debaixo de uma bica. Como a gozada foi muito forte ele teve cuidado, porque ela podia ferir suas orelhas, arrancar seus cabelos ou machucar seus lábios de tanto esfregá-los em sua deliciosa e saborosa vagina. Deixou que ela o fizesse com a "violência"e da maneira que o momento exigia. Deixou que ela gritasse, berrasse, urrasse, esperneasse, peidasse, urinasse em sua cara, e dissesse o que quisesse. Não reclamou de nada, nem durante e muito menos depois. Lembrou-se que o momento era, exclusivamente, dela. Se a gostosa cabocla, depois de gozar, como de costume, desfaleceu, segurou-a com carinho para que nada a machucasse e, depois, relinchou como um cavalo e completou o feito.
Portanto, nada impede que, por pura e espontânea vontade e movidos pelo desejo, Zumbi e Maria – seja lá qual for o seu nome – tenham, por incontáveis vezes. Se lambido libidinosamente e dado trepadas titânicas e gozadas épicas nos ambientes paradisíacos que existiam nos Palmares.
(*) Professor da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, bacharel em Arqueologia pelas Faculdades Integradas Estácio de Sá e especialista em Arqueologia pela Sociedade de Ensino Unificada Augusto Mota.
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