Santana do Ipanema e os velhos carnavais na linguagem da representatividade teatral e o uso de máscaras como em “Sonhos de uma noite de verão”

Crônicas

M. Ricardo-Almeida

Muitos blocos nas ruas, escolas de samba. O uso de máscara não é mais eventual, usada em bailes de velhos carnavais em Santana, máscaras em salões, as máscaras em ruas, avenidas santanenses. Outrora, em postes na cidade, as placas com cartaz em desenhos coloridos sobre a festividade momesca, e bandeirolas no alto ornando as vias principais.

Época, no alto sertão alagoano, quando diferentes classes de foliões – só festa –, numa Commedia dell’Arte à sertaneja, brincadeira com máscara por diversão. Figura nas crônicas, em livros de História; a história de Santana do Ipanema e os velhos carnavais naquele vir a ser Instituto Lítero-Geográfico, Histórico e Artístico de Santana do Ipanema; e as estórias contadas nos bares pelos foliões em textos lidos e relidos nas escolas.

Carnaval – humaniza o ser humano – caracterizado em festa mítica por excelência; onde os seres élficos tornam-se personagens usando máscaras que representam a magia ocupando o lugar da realidade. O brilho cintilante desses carnavais remedia a realidade; remediar situações é sempre remediar situações; numa peça de Shakespeare, Puck tenta fazê-las, remediando-as, e o afeto e as afeições nem sempre coincidem.

Uso de máscara torna-se peça habitual aos povos no mundo; máscara veio e não vai mais cair em desuso porque faz parte da vestimenta comum. Santana do Ipanema e os velhos carnavais na linguagem da representatividade teatral e o uso de máscaras como em “Sonhos de uma noite de verão”. Em si, a maioria das festas é carnavalesca e, às vezes, dionisíaca.

E “Sonhos de uma noite de verão”, numa celebração carnavalesca, Lisandro quer Hérmia, esta o quer, querendo depois Demétrio, uma preferência de Helena; em seguida, Demétrio aceita Helena, por ele correspondida, mesmo desejada por Lisandro, amado por Hérmia. A peça do dramaturgo inglês é uma festa, uma celebração à comédia humana.
Santana do Ipanema e os velhos carnavais aos brincantes e brincadeiras de Pierrô apaixonado por Colombina, esta preferindo Arlequim. Eterno retorno à simbologia quer do teatro elisabetano, quer dos mitos em diferentes etnias.

Essa mitificação da festa preserva a história dos povos. E segue o vaqueiro à roça, como está escrito em versos do poeta, e o sol surge de repente. Nas praças surgem voos livres de pássaros, nas cidades praças e o amanhã das árvores: pulmões no mundo – cantam os passarinhos. A manhã de cada ave depende das folhas, depende das árvores. Não há cidades rizomáticas quando não há memória. A história da cidade, seus carnavais no vir a ser o Instituto Lítero-Geográfico, Histórico e Artístico de Santana do Ipanema.

Chegam os turistas à cidade com perguntas sobre a história, os prédios antigos, as praças, as pedras de calçamento. Os registros instantâneos nas câmeras dos visitantes a Santana do Ipanema. Nesse casarão, no Monumento, abrigo memorialístico; nesse bairro, nessa rua testemunhos de muitos blocos, escolas de samba. Na Camoxinga, os turistas encontram outros fatos históricos. Em cada parte na cidade um local turístico.

Teatro presente nas festas carnavalescas se repete ano a ano. Os casamentos que são celebrados entre os foliões e as folias estão demonstrados com as diferentes ações e atos dramatúrgicos, atos com tanta comicidade revivida a cada época, numa verdadeira Commedia dell’Arte.
Esse espírito travesso do Carnaval simbolizado nas personagens shakespearianas. Nessa comemoração à alegria, que é o Carnaval, Puck, que aparece em “Sonhos de uma noite de verão” é um brincante que faz travessuras. Essa personagem de Shakespeare se encarrega de assegurar a permanência na peça de fazer se apaixonar por quem estiver à sua frente, mantendo viva a alegria em foliões e seus passos, suas danças, no riso, nas máscaras, nos frevos, no maracatu, nas marchinhas e variações rítmicas do samba.

M. Ricardo-Almeida

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