Guilherme Palmeira ganhou eleição de Renan Calheiros em 1988 para prefeito de Maceió. Eu funcionário da COBEL, Companhia de Limpeza Urbana, fui galgado à Diretoria de Operações, logo depois Secretário de Desenvolvimento Urbano. Guilherme, bom político, nos orientou ter melhor entrosamento possível com a Câmara de Vereadores, atender às reivindicações dos vereadores na medida do possível. Estabeleci como norma, toda quinta-feira pela manhã visitar a Câmara, havia conversação com os vereadores, anotava os pedidos de melhoria urbana nos bairros.
Acontece que o presidente da Câmara de Vereadores na época, era meu amigo, colega engenheiro, Chico Holanda. Eu entrava na Câmara mais discreto possível, pois, se me via, o presidente anunciava, “Quero registrar a presença no recinto do General Carlito Lima, excelentíssimo secretário de desenvolvimento urbano de nosso município”, me deixava encabulado.
Certa vez Guilherme Palmeira viajou ao exterior com João Sampaio, o vice-prefeito. Cumprindo a legislação o presidente da Câmara assumiu a prefeitura durante 15 dias.
Ao tomar posse como prefeito, Chico Holanda, com gosto de gás, deu-me a ordem, “quero sua presença na Prefeitura todo dia às sete da manhã para percorremos obras e os problemas da cidade”. Assim foi feito, todo dia, inclusive sábado e domingo, a caravana do prefeito Chico Holanda percorreu a cidade, despacho de expediente burocrático somente a partir das três da tarde até a noite.
No segundo dia como prefeito, Chico Holanda visitou com comitiva, o bairro de Ouro Preto, mina de votos dos Holanda. Ao chegar num descampado me determinou: “Este terreno ninguém sabe ao certo o proprietário, quero que faça a desapropriação, organize um loteamento para doar aos sem teto, sem casa, que moram na favela.” Eu argumentei precisar de algum tempo. O prefeito respondeu. “Quero esse loteamento pronto para ser aprovada a doação ao povo pela Câmara dentro de três dias, comece o levantamento topográfico, diga ao Dr. Diógenes, procurador, para caprichar na justificação jurídica. Pode ir para sua secretaria adiantando o serviço, General”
Ao chegar à secretaria reuni os auxiliares, repassei as ordens, advertindo o prazo. Três dias depois, com toda documentação pronta deu-se entrada na Câmara para aprovar a doação ao povo. Até hoje os ex-sem teto do Ouro Preto lembram o fato, nunca deixaram de votar em Chico Holanda.
Depois de visitar o Mercado Público, Chico mandou organizar uma limpeza geral. Na segunda-feira fecharam as portas para o mutirão de limpeza e pequenos reparos, o Mercado da Produção ficou mais bonito que no dia da inauguração. Foi realizado também mutirão de limpeza e serviços no Centro da cidade. Ao passar pela Ponta Verde, eu mostrei ao prefeito Chico um terreno, havia dúvida de quem era realmente o proprietário. Ele mandou verificar em cartório, e que a Procuradoria providenciasse a desapropriação com a finalidade de construir a nova Câmara de Vereadores. O terreno, onde hoje está construído o Supermercado Bom Preço, teve problema, apareceu o proprietário, pelo menos pagou o IPTU, nunca havia pagado.
O prefeito não deu folga aos secretários e auxiliares, a partir das sete da manhã começavam as visitas aos bairros, voltávamos para casa geralmente às 22 horas. A empolgação de Chico Holanda e a aceitação popular eram tamanhas que tive medo de uma revolução, um golpe. Assim foi a profícua passagem do Prefeito Chico Holanda e equipe nessa bendita terra de Maceió, abençoada por Nossa Senhora dos Prazeres.
Hoje, por coincidência e vontade do povo, o prefeito é Rui Palmeira, filho de Guilherme Palmeira e o presidente da Câmara, Chico Holanda Filho, filho de um dos melhores prefeitos que Maceió já teve, Chico Holanda, pena ter sido apenas quinze dias.
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