No meu trabalho SAUDADE, MEU REMÉDIO É CONTAR publiquei uma crônica sobre nossa árvore genealógica, no tocante aos antecessores da família do nosso pai. Naquela oportunidade minha curiosidade se deu pela similitude entre o nome de nossa avó paterna – Dorothea Vieira Rego – com o pretenso fundador de Santana do Ipanema, Martinho Vieira Rego. Segundo conta a história, este personagem adquiriu, em 19.03.1771, a Fazenda Picada, hoje Maniçoba, pertencente ao Sr. João Carlos de Melo e sua esposa Maria de Lima. O preço da transação foi de trezentos mil reis, conforme escritura de compra e venda que se encontra no acervo histórico do já falecido Ademar Medeiros, presidente do extinto MDB de Alagoas e chefe político do município de Poço das Trincheiras.
Diante da pesquisa cheguei à conclusão que nós, filhos de seu Zeca e dona Aristhea, pertencemos à sétima geração de Martinho Vieira Rego e Ana Tereza Rodrigues. Minha intenção, na busca, não foi para me arvorar de orgulho pela tradição familiar, mas apenas e tão somente para inteirar-me da nossa situação perante a genealogia descendente.
O assunto sobre o legítimo fundador de nossa terra continua polêmico, porque ainda permanece um tema de conclusão indefinida. Recentemente recebi do amigo e empresário de comunicação Malta Neto – com apresentação por ele formulada – a 3ª edição do ESCORÇO BIOGRÁFICO DO MISSIONÁRIO APOSTÓLICO DO DR. FRANCISCO JOSÉ CORREIA DE ALBUQUERQUE, do Padre Theotônio Ribeiro. Na minha modesta opinião o referido trabalho é o que mais se aproxima do assunto “fundador de Santana”, porque nele estão registradas opiniões de verdadeiros “pesos pesados” em pesquisas da nossa história. Deixo de citar nomes porque poderia incorrer numa indesculpável possibilidade de omitir pessoas envolvidas no processo.
Alimentando o sentimento de que os leitores possam tirar suas próprias conclusões, transcrevo, a seguir, citações exaradas no trabalho do Padre Teotônio, referido anteriormente:
“Costuma-se balizar a fundação dos núcleos urbanos pelo critério exclusivamente jurídico, ou seja, a partir da legislação civil que dispõe sobre a organização do espaço municipal. Nesse sentido, Santana do Ipanema só passa a existir como município no século XX, embora sua vida comunitária remonte ao século XVII.”
“as origens históricas do atual município de Santana do Ipanema estão intrinsecamente relacionadas ao movimento missionário católico”. Desta maneira, não hesita em proclamar: “o padre Francisco Correia é, sem dúvida, uma de suas mais expressivas figuras e um dos seus fundadores.”
“Se a baliza definidora do nosso processo de urbanização advém da escolha da Ribeira do Panema como lugar em que o missionário vem se fixar, é natural que a ele seja creditada a condição de fundador da cidade que veio a ser denominada Santana do Ipanema.”
“A propósito do fundador da cidade, a história oficial consagrou a seguinte tese: Martinho Vieira Rego fundou o povoado de Santana da Ribeira Panema, cujos caboclos aqui residentes foram evangelizados pelo Padre Francisco Correia. Como reconhecimento ao pioneirismo, o primeiro virou nome de avenida no bairro do Monumento e o segundo ficou imortalizado como patrono do nosso primeiro Grupo Escolar.”
“Um grande historiador francês já escreveu que “não há história sem documentos.” Diante do exposto, julgo que devemos continuar repetindo: Santana do Ipanema nasceu em torno da igrejinha que o Padre Francisco Correia levantou na fazenda de Martinho Rodrigues Gaia, nos fins do século XVIII. E devemos repeti-lo até que surja algum documento que impugne a pesquisa do Padre Theotônio Ribeiro realizada há setenta anos.”
“O que parece pendente é a assimilação desse fato histórico pela engrenagem que oficializa nossa história. A rede escolar, os livros didáticos, os canais de divulgação pedagógica, negligenciam a tese comprovada pela pesquisa. Robustecidas por equívocos pretéritos, ancorados em fontes não confiáveis, as versões míticas terminam prevalecendo culturalmente,”
“Santana do Ipanema ainda está à espera de historiadores metodologicamente habilitados a cotejar fontes primárias e secundárias, documentos oficiais e narrativas orais, cruzando dados, confrontando versões para delinear com rigor e precisão os marcos da sua trajetória enquanto comunidade. Os relatos existentes são precários, apesar do esforço meritório daqueles que pretenderam contar sua história.”
Dito e feito. A conclusão fica ao critério de cada um.
Recife, 05 de junho de 2013
Nota:- Este artigo será inserido no meu próximo trabalho “A SAGA DA FAMÍLIA SORRISO, voltado exclusivamente para nossos familiares.
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