Minha mãe em resignação forçosa suspira provérbios bíblicos,
macerando a autocomiseração na aridez da fé
Meu pai está morto, mas a sua memória está gravada pela casa toda,
que exala o cheiro forte de cerveja,
à audição da sua voz, certa para luares e serestas.
A cozinha, do cheiro do café e dos afetos,
afeta-me com o caminhar seguro da minha avó,
que anuncia ressurreição.
Jesus me olha quase sorrindo, pendurado na parede
me oferecendo o seu coração sagrado, a troco de nada.
Entre retratos e cenas,
emolduro o meu olho quase cinematográfico no roteiro vivido,
como se não fora eu que nele tivesse atuado.
A minha passagem pelo mundo daria um filme...
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