BOLA PRA QUE TE QUERO?

Crônicas

José Marques de Vasconcelos Filho

Quando estudei no Cenecista Santana, o que mais gostava era dos rachinhas na quadra do Ginásio. Era muito bom, só faltavam aqueles que por ventura tiveram um desarranjo intestinal ou algo parecido de tamanha periculosidade.

Toda segunda, quarta e sexta esperávamos o professor Marcos dividir as equipes ou por seu gosto ou lançando a sorte nas mãos dos dois piores jogadores, que por coincidência, eu sempre estava lá para escolher os jogadores da minha equipe.

Muitas vezes quem roubava a cena não era os grandes jogadores como Claubiano, Dasaev, Álvaro, Juádley e Ironildo Kelps, e sim o professor Marcos Tavares, ou como é mais conhecido Marcos Jarrão.

Quem conhece o professor Marcos sabe que ele tem um jeito Marcos de ser, de pensar e falar. Enquanto você pergunta para qualquer outro ser-humano o que é uma distensão muscular a resposta será clara e objetiva: É uma dor da porra! Agora se você pergunta para Marcos... A resposta será mais ou menos essa:

- Veja bem meu filho! A distensão muscular vem do grego Αυτό αφόρητο πόνο e acontece quando há um estiramento das fibras musculares.

Normalmente, a pessoa que sofre com essa lesão continua em atividade, mesmo sentindo alguma dor. Agora a sensação intensa de dor irá aparecer no dia seguinte, quando o seu corpo esfriar. E como você está há muito sem praticar exercícios corre o risco de sofrer distensões em vários músculos do corpo ao mesmo tempo.

Um dia, quando acabou o nosso treino, Marcos por um milagre quase divino não nos tirou da quadra e permitiu que todos assistissem ao treino das meninas. Nesse dia o professor lançou uma afirmação que virou chacota entre os alunos gaiatos que ali estavam.

Começa o treino, Marcos pede para que as meninas formarem filas e arremessarem as bolas em direção ao gol.

E quem estava no gol? O professor Marcos, claro!

Lá estava ele com os braços abertos e para incentivar as meninas a jogarem bem dizia em voz alta:

- Vamos meninas, QUERO BOLA! QUERO BOLA!
Como não valíamos nada, começamos a tirar a maior onda. Pois aquela cena era um prato cheio para piadas pelo resto da vida.

Histórias como essas tem que ser passada para as futuras gerações.

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