O BAILE DOS SENTIMENTOS

Reflexões

Maria Aparecida Silva dos Santos

Reunidos em um grande salão de festa, os sentimentos discutiam sobre a importância de cada um deles na vida dos seres humanos.

O Amor vestia-se com um lindo traje cor de rosa, com babados e laços de fita. Seu olhar era sincero, afetuoso e desinteressado. A Paixão vestida de vermelho fogo desfilava no salão com uma elegância exuberante. Queimava corações, pois sua chama ardente ia além do amor. A Alegria e a Felicidade estavam lindas com vestidos bem coloridos. Cantavam, pulavam, não ficavam quietas, sorriam o tempo todo.

A Paz toda de branco radiava uma luz prateada, brilhante, mas calma e serena. A Tranqüilidade trajava-se de amarelo ouro, pois não havia riqueza maior que está tranqüilo e sossegado.

A Coragem vestia-se de azul, cor do céu e dizia: para não fracassar acredite na força Divina e seja um vencedor. A Esperança vestida de verde estava sempre rodeando cada um, fortalecendo os corações desanimados. A Vergonha vestia-se de laranja e estava sempre bem coradinha, escondida num cantinho do salão.

A Humildade com um vestido bem simples, chegou quietinha, com passos lentos, sem chamar a atenção. Mas sua beleza era tão grande que todos olharam para ela.

A Tristeza tentou entrar na festa com um belíssimo vestido preto. Mas, a alegria e a felicidade não permitiram a sua entrada, pois sabiam que ela estragaria a festa. Tiraria a paz e a tranqüilidade do salão e isso não era justo.

O Orgulho pensou em ir à festa, mas era orgulhoso demais para submeter-se estar junto aos outros sentimentos.

À meia noite, o baile começou. Cada sentimento deveria desfilar dançando, demonstrando sua beleza. Também deveria fazer um discurso para a escolha do sentimento mais bonito e maior do mundo.

Ficou muito difícil escolher qual era o mais bonito, pois todos estavam encantadores. Então, resolveram decidir, após o discurso. Eis que os pronunciamentos se iniciam:

O Amor foi o primeiro a falar:

- o amor não é egoísta, não tem orgulho. É desinteressado, é carinhoso. Ama-se o pai, a mãe, os filhos, os amigos, os familiares e o companheiro ou companheira. Que sentimento é tão grande que possa amar até os inimigos! Sou eu, o Amor, o maior sentimento do mundo.

A Paixão foi a segunda a falar:

- sou ardente, fervorosa, supero o amor, pois sou quente, capaz de fazer qualquer loucura por aquilo que desejo ou pela pessoa que me apaixono. Sou eu, a Paixão, o sentimento maior do mundo.

A Alegria, alegremente, falou:

- não! O sentimento maior é o da alegria, pois eu vivo sorrindo, festejando, cantando... Eu esbanjo harmonia por onde passo, ninguém vive sem mim.

A Felicidade protestou:

- ter alegria é muito bom, mas ser feliz é melhor ainda. A felicidade é mais duradoura, conquista muita gente para o nosso lado. Para viver bem neste mundo é preciso conquistar a felicidade. Portanto, sou eu o maior sentimento da vida.

A Paz, serenamente, falou:

- quem não tem paz, não tem vida. Onde há paz, há alegria, amor, felicidade, há vida. Portanto, eu, a paz, sou o maior sentimento do mundo.

A Tranqüilidade, muito tranqüila, disse:

- não preciso falar muito, pois todos sabem que sem tranqüilidade ninguém vive em paz.

A Humildade foi a última a se pronunciar:

- meus amigos e amigas somos todos e todas necessários à humanidade. O que seria do mundo se só existisse a alegria e não existisse a paz? Se houvesse a coragem, mas faltasse a esperança? Imaginem um mundo em que as pessoas não tivessem vergonha do que fazem de errado! Imaginem um mundo em que só existisse paixão e faltasse o amor! Esse mundo seria incompleto e as pessoas não encontrariam o caminho da felicidade.

E assim, a humildade concluiu seu pronunciamento com muitos aplausos. Ela foi a mais bem aplaudida, só não ganhou o concurso porque era humilde demais e, o que mais ela queria, era repartir a vitória com todos os outros sentimentos.

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