Se eu morrer amanhã não chores a minha partida, guarde as lágrimas para depois, poderás precisar delas quando sentir realmente a minha ausência. Não se esqueça de regar o jardim e colher as rosas que eu tanto beijei. Os colibris que sempre nos visitavam nas manhas claras, certamente retornarão para colher o néctar das flores que cultivei com carinho como se fosse você. Aquela camisa estampada, mosqueada entre o verde e branco adormecida no guarda-roupa ainda exalando o perfume que você me presenteou no meu último aniversário, testemunhará as lembranças dos nossos abraços e os momentos felizes que passamos juntos.
Quando os amigos perguntarem por mim lembre-se de dizer que eles foram importantes na minha vida e que eu não esquecia das nossas brincadeiras de pega-pega, pião e chimbra nos pátios da igrejinha e do velho grupo escolar, dos banhos e as pescarias no “Panema”, na Barragem e no riacho Camoxinga. Diga-lhes da minha devoção por Senhora Santana, dos novenários e das procissões onde por intermédio de suas bênçãos eu buscava a paz.
Ah! Junte a essas lembranças as peladas nos campinhos de Seu Abílio Pereira, Nozinho Falcão, Benedito Soares e na Fazenda Belo Horizonte. Retire aquela caixinha da escrivaninha onde eu costumava guardar as fotos, os poemas e as composições que escrevi na essência da minha juventude enaltecendo os amigos e minha querida Santana.
Seu morrer amanhã, no meu funeral gostaria que estivesse presente o carro de som de Chico Soares tocando aquelas músicas dos embalos dos anos sessenta e setenta, com atenção especial para o Tema de Lara, mas, que o último momento fosse silenciado com a marchinha Santana dos Meus Amores, se eu morrer amanhã.
Aracaju/SE, 28/12/2010.
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