Neste último 2 de abril, se estivesse entre nós, no plano das formas, o famoso médium brasileiro Francisco de Paula Cândido Xavier completaria seu centenário. Em 1927, aos 17 anos, no município mineiro de Pedro Leopoldo, Chico Xavier teve o primeiro contato com os amigos espirituais. Tem início então um dos mais belos e árduos trabalhos de aproximar as criaturas humanas da realidade que é o prosseguimento da vida após o fenômeno chamado morte. E mesmo sendo um porta-voz do Mundo (ainda) invisível, Chico sempre se preocupou com os dramas dos que provisoriamente se encontram unidos à matéria.
Psicografou mais de 400 livros, com ensinamentos do Mundo Espiritual, cujos direitos autorais foram doados a obras de caridade.
Ao tomar conhecimento – por intermédio do saudoso fundador da LBV, jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979) – do abrangente propósito da Instituição, Chico Xavier inscreve-se em 3 de julho de 1956 Legionário da Boa Vontade, sob o no 15.353. Em 1988, reafirmando os antigos laços de amizade entre ele e a LBV, recebi a seguinte mensagem do velho Chico: “Meu caro Paiva Netto, formulo votos a Jesus, nosso Senhor e Mestre, para que o prezado Irmão continue cada vez mais valoroso, mais animado, nessa campanha bendita de espalhar a Luz e a Boa Vontade na Terra. Havemos de estar sempre juntos. Muito obrigado!”.
ORDEM DO MÉRITO
Em 1997, o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi da LBV), em Brasília/DF, prestou-lhe justa homenagem com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica (categoria Religião). Por questões de saúde, foi representado pelo filho, Eurípedes Humberto Higino dos Reis, que, na ocasião, expressou seus sentimentos: “Muito sensibilizados, agradecemos à venerável Instituição LBV a homenagem do setor Religião ao companheiro Francisco Cândido Xavier, na honrosa solenidade, que merece nosso respeito e admiração. Somos servidores comovidos e profundamente gratos pelo inesquecível evento”.
Considerado um dos maiores sensitivos do Brasil, foi eleito o cidadão mineiro do século 20, seguido pelas também ilustres personalidades Santos Dumont e Juscelino Kubitschek.
Onde quer que esteja, pois os mortos não morrem, receba, Chico Xavier, em seu Espírito eterno a nossa vibração de paz.
RIO DE JANEIRO
Cidade de extraordinárias belezas naturais, que realçam o incomparável talento do Artista-mor da Criação, o Rio de Janeiro viu-se assolado pela tempestade que provocou, até o fechamento desse artigo, mais de 180 mortes, em todo o território fluminense. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde 1962 não chovia tanto como na fatídica segunda-feira, 5 de abril corrente. A circunstância tornou-se igualmente dramática em Niterói. São Gonçalo, Nilópolis, Maricá, Saquarema, Angra dos Reis, Petrópolis e outros pontos do Rio sofreram grande destruição. E ainda houve o anúncio de um ciclone extratropical. O Espírito Santo passou também horas muito difíceis. Uma das principais causas das inundações tem sido o crescimento urbano desordenado, inclusive em áreas de risco, a exemplo das encostas, nas quais o povo se instala muita vez por falta de lugar para onde ir e/ou por serem perto do serviço. Portanto, por necessidade. Hoje, contudo, por diferentes motivações, os mais abastados correm semelhante perigo. É só lembrar o que ocorreu, nos últimos anos, em Santa Catarina. Sem contar o lixo jogado nas ruas que, com a enxurrada, entope as bocas de lobo e galerias, resultando em alagamento das vias públicas.
Nas cenas que percorreram o mundo, veem-se deslizamentos de terra, milhares de pessoas ilhadas, carros arrastados pela correnteza, residências destruídas. Entretanto, nada se compara à dor dos que perderam seus entes queridos de modo tão repentino.
O trabalho heroico do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, da Polícia Militar e de cidadãos voluntários, que impulsionados pelo real valor da vida ajudaram a socorrer a população, exteriorizou a tênue linha que separa a pequenez humana da força interior de nossa alma. O símbolo maior de todos tem sido a esperança de encontrar sobreviventes.
A Legião da Boa Vontade, há mais de seis décadas de mãos dadas com o povo, está auxiliando o esforço das autoridades no socorro aos que se encontram expostos às intempéries. Todas as unidades da LBV no Estado do Rio de Janeiro estão funcionando como postos de arrecadação de gêneros de primeira necessidade, como alimentos não perecíveis e água potável, além de material de limpeza e de higiene pessoal, medicamentos e colchões. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2216-7800.
Nossa solidariedade aos parentes e amigos das vítimas dessa tragédia. E o mais sincero desejo de serenidade e equilíbrio àqueles que despertaram para a nova existência, visto que o Mundo Espiritual não é uma abstração.
José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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