Os anos oitenta foram pródigos, mormente na agricultura, aqueles que viviam cultivando a terra passaram a ter uma vida melhor, os invernos regulares proporcionam aos agricultores melhores vidas, e nesse meio surge o cidadão Floro Machado pacato agricultor bem sucedido residente no Sítio Gameleiro, há dois quilômetros do povoado de Pedrão.
Seu Floro como era conhecido, era chegado a uma quenga, mesmo com certa discrição, não perdia um bom pagode, uma novena, uma taipa de casa, naqueles arrabaldes, principalmente nos sítios Pau Ferro, Caraíba, Jurema, Guarany e Pedrão, juntamente com seu primo Antonio Izaú, também muito achegado ao mesmo produto. Ora, residia próximo a Pedrão uma senhora casada com o cidadão Maurício José de Morais, que era bom carpinteiro e péssimo pedreiro, Maurício, era amigo e compadre de seu Floro, e juntos frequentavam as mesmas festas.
Ocorreu, porém, que, Mestre Maurício como era conhecido gostava de tomar, cachaça e começou a suspeitar de sua santa esposa, dona Joana, que na realidade, via de regra, quando o esposo Maurício se demorava nas farras e nas noites homéricas, a dita cuja dava seus pulos de gato no cair das madrugadas pedrãoenses deixando Maurício de orelha levantada e as pontas crescidas.
Certo dia, seu Floro chegou sorrateiramente, à casa de seu compadre e comadre Joana, que o convidou para uma conversa amiúde. Era por volta das nove horas da noite. E já estando em vias de namoro, lembrou o pé de pano, que Joana era sua comadre, e não dava certo aquele idílio, foi quando a inditosa disse: olha Floro, lembre-se que no dia em que nós nos tomamos por compadres foi numa noite de são João, e na hora nós dissemos: “São Pedro mandou/ são João assina/ que nós sejamos compadres/ do imbigo pra cima”. E eis que nessa dúvida, o dono da casa bate na porta, deixando o visitante em maus lençóis diante do fato, e de imediato, ele corre para o terreiro da cozinha, e não tendo onde se esconder, pois a lua estava clara, pulou dentro de um barreiro que havia no quintal da casa, e deitando-se, ficou quieto. O dono da casa entrou e disse casa de corno todo mundo entra, e saindo na porta da cozinha, exclamou: “eita peste, vou mijá nesse buraco”, e largou uma boa mijada quente e de cachaça no espinhaço de seu Floro que amargou tudo calado. Terminando o ato, Maurício entrou em casa, e o pé de pano caiu fora. Seu Floro guardou esse caso por muitos anos, porém antes de falecer em 1990, revelou todo acontecido a seu amigo Atenor e ele me contou.
Pois é, quem bole no passarinho dos outros, corre o risco de ser beliscado.
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